ssssssssssssssssssssssssss

Fico a pensar / ou quero entrar na caixa como a Valentina, espiar pela janelinha, ou inventar um mundo novo dentro da caixa – caixas festas: grandes ou pequenas, festas. Esta coisa de 80 anos parece esquisitice imposta. Foi assim que Isabel resolveu não se ocupar mais da casa, das panelas e das podas, nem de roupas / qualquer roupa seria a boa. Enfiou uma calça bem larga, e ficou confortável, foi o que me disse sem susto. Resolvi o problema. Eu estava encolhida no canto, ainda tricotando, sem entusiasmo e pensando no tédio dos oitenta anos espichados. Precisava escutar o que ela dizia. Viajou para me dizer: trouxe flores, bolo e a lógica. Acertar os pontos. Sem comentar absolutamente nada de política. Sinto a cabeça rodopiando, um aperto no peito, as costelas se apertando, um sono ardido e complicado. Troco de cama. Sinto falta dos teus beijos que escaparam faz já uma semana.

Peguei as xicaras do chá / pinguei o leite. De fato não sei que dizer pode ser acrescentar, colocar os pontos e as vírgulas, ou passar o pano… doem as contas, os olhos estão ardidos, a cabeça aperta. Um tumor, uma hora marcada para morrer, mas a droga disto tudo é que não quero morrer. Nem as fotos… quero é não morrer, mas, minhas decisões são insignificantes. Tenho rezado, mas rezar não altera, traz paz? Sei lá, ver / olhar pessoas. Uma pequena viagem para um hotel de repouso…talvez. Um hotel que tenha festa e dança. E eu dançarei com ssssssssssss sem pressa. E Isabel vai entender.

Preciso entender a janela, a porta fechada e as limitações / comer pão doce / um copo de leite com chocolate e um aconchego de vozes. Não vou descrever a sala, nem a estampa da minha blusa, nem as minhas sinistras intenções. Vou beber mais água / uma secura que pode ser diabete / ou um corpo novo no meu corpo assusta, estou com medo. O medo grita / fica sem vos, depois encolhe e logo quer se esparrar na maior cama… Elizabeth M. B. Mattos 2024

Deixe um comentário