Como às vezes a gente é feliz!

“[…] uma premissa principal da felicidade não é resolver contradições, mas fazê-las desaparecer, como se fecham as lacunas numa alameda comprida. E assim como por toda parte as relações visíveis se deslocam diante dos olhos produzindo uma imagem que eles possam dominar, em que o urgente e próximo parece grande e, ao longe, mesmo o imenso parece pequeno, uma imagem em que as lacunas se fecham e, por fim, tudo aparece numa redondez ordenada e lisa, assim também agem as relações invisíveis, de tal forma forma deslocadas pela pela razão e a emoção, que inconscientemente surge algo em que sentimos: quem manda aqui sou eu.” (p. 461) Robert Musil O Homem sem Qualidades Nova Fronteira – 1989 – tradução Lya Luft e Carlos Abbenseth

Alguns livros se atravessam na nossa vida e ficam… Estão enterrados tão fundo e sempre em ebulição. Este que eu cito – um tijolo dos grandes. Vou lendo aos pouco. Repasso, e volto, e anoto, e leio e releio e aprendo com personagens que semearam o que vivemos hoje.

Chuvisco feio. O tempo como sempre foi neste período. Acordava o verão com chuva. Eu me debruço na infância… As saudades dos verões se empilham. Tanta saudade de vida que nenhuma se sobressai: estão enoveladas… Saudades recortam, refazem, perfumam e assustam. Vida vivida. Gosto de respirar. Elizabeth M. B. Mattos – novembro de 2024 – Torres

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