Eu não as disse. Esclareço. Você sabe como os sonhos se abrem. Sabe, quando sonha, às vezes: você já esteve ali, já falou com aquela pessoa, ou… É como se a gente reencontrasse a memória. Os sonhos se abrem meu querido. Assim, embora tão perdidamente perdido eu lembro. E volto / retomo você, enterro o pronome tu / ele. Passei a usar este pronome depois de o teres sublinhado. Bom gaúcho! Eu sou uma boa carioca, ou paulista, um gaúcha que você. Tanta desenvoltura… Tu me tiraste o você. O sua desenvoltura se esconde na nomenclatura. Você sabe como os sonhos se abrem: dominam, voltam, dançam. Neles, você e eu, Búzios, Buenos Aires e a ladeira que atravessas em Porto Alegre… Ora, meu querido, sempre foi você na estrada por Torres, nas idas e vindas e nos mimos. Reencontrar a memória dá uma força, uma energia menina que me faz dançar nos teus / seus braços e voltar a beijar, beijar e beijar…
Elizabeth M. B. Mattos – novembro de 2024 – Torres (você é a forma mais fácil de tirar a roupa e entrar no mar)
“Agora eu vejo-ouço um mundo em que as coisas estão paradas e as pessoas andam, do jeito de sempre, mas sonoramente visíveis.” (p.507) Robert Musil O Homem sem Qualidades