Minhas confissões lotadas de lacunas: imediatamente preenchidas pelas tuas cartas, tuas reflexões. Hoje justificas a gritaria que fazias com tua mãe: teu pai te maltratava com o descaso, desamor. Pesos se faziam necessários. Ele não me ama, ela carrega a culpada. Sou a complicação destes desafetos. E troquei temporariamente de mulher. De casamento em casamento para acertar os enredos das solidões. Nenhum copo de cerveja resolve, mas as mulheres se apresentam, generosas e tolerantes. Eu sobrevivo. Cem estes acertos de amor, sou um pai distraído. Nada fácil nem natural. O modelo da mulher de plantão serve para que eu preencha as necessidades. Quase sempre as dela. Se ela gosta, devo estar acertando. Não questiono o departamento. Reparo no corpo flexível nas roupas combinantes, no carro funcionando, e nos cabelos espichados e compridos / definem o feminino / mesmo que a voz destoe e tenha modos masculinos ou sei lá como descrever. Ela entrou no papel de minha mulher, convicção musical. E tu me perguntas sobre felicidade? Eu proporciono todos os prazeres de consumo que ela me impõe…Não é ótimo? Ah! Comprei um carro novo. Elizabeth M.B. Mattos – novembro de 2024 – Torres
