Inteligência Artificial

A IA mastiga a energia da memória… Tudo está, estupidamente, pronto: posso teclar a metade de um nome, dedilhar no computador pedacinho da ideia, logo, imediatamente, tudo está completo. Como casar com alguém com filhos e netos: família entra no meu domínio, eu, inteira, borbulhando, aceito ou não me caso. Pegar ou largar. Muito estranho. Tempos de hoje a serem engolidos.

Paul Auster ainda me encanta. “Como todos os seres ainda pré-alfabetizados, a memória do menino é espantosa. A capacidade de observação minuciosa, de ver um objeto em sua singularidade, é quase ilimitada. A língua escrita exime a pessoa da necessidade de lembrar muita coisa do mundo, pois as lembranças ficam armazenadas nas palavras. A criança entretanto, situada em uma posição anterior ao advento da palavra escrita, lembra do mesmo modo que Cícero recomendava, do mesmo modo imaginado por todos os autores clássicos que trataram do assunto: uma imagem casada a um lugar” (p.184-185) A invenção da solidão editora Companhia das Letras 1982

Este esforço mínimo de pensar, rascunhar o que se pensa, escrever como exercício, abrir um livro porque tem cheiro, data e memória própria, deixou de importar. Fica na memória um resquício de vida vivida resolvida num clicar…Procuro na IA que me conta o que já sei e o que, possivelmente, desejei saber, mas não memorizei. Pensar, estudar, ficou fora de moda. E já vou catar o que possa eu sentir… Congelo, uso o micro ondas para descongelar: panelas são poupadas, o esforço minimizado, respirar ficou fácil? Os livros, os jornais, todos virtuais. Eu me espanto. Os dinossauros vivem? Elizabeth M. B. Mattos – março de 2025 – Torres

Conceito de trabalhar, ganhar dinheiro, ser importante ou fazer sucesso tropeça na política / cada vez mais surpreendente. Surpreendem as decisões e a qualidade de honestidade. Estou num planeta desconhecido…

…mas algumas imagens te devolvem a vida. Ainda combato os cupins / como frutas, e sou feliz na beleza de cada objeto… Não desisto.

Deixe um comentário