coisas / escritos de Beckett

“Amor platônico, por exemplo, eis um outro que acaba de me ocorrer. É desinteressado. Será que eu a amava com um amor platônico. Difícil de acreditar.[…] Eu pensava em Lulu e, isso não é tudo, já é o suficiente, na minha opinião. […] eu que tinha apreendido a não pensar em nada, a não ser nas minhas dores, muito rapidamente, depois nas medidas a tomar para não morrer de fome, ou de frio, ou de vergonha, mas jamais, sob nenhum pretexto, nos seres vivos enquanto tais ( eu me pergunto o que isto quer dizer ), não importando o que eu possa ter dito ou possa me acontecer de dizer a esse respeito. Pois eu sempre falei, sempre falarei de coisas que nunca existiram, ou que existiram, se quiserem, e que provavelmente sempre existirão, mas não com a existência que atribuo a elas.” Samuel Beckett Primeiro Amor sem página. É um texto-livro objeto de arte e intenso. Como Beckett sabe ser: o sentido é teu, não meu… Coisas de escrever. O amor que sinto por ti é meu, o teu deve ser o que sentes pela vaidade tomada, pela imagem reflexo do que és… Ah! o amor. As explicações que eu possa dar não fazem nenhum sentido. Um dia, uma amiga de muito tempo veio me visitar, Bonita, bem vestida, animada, e, resolveu fazer perguntas sobre meu pai, minha mãe… s olhos brilhavam inquietos: estupefata fiquei, entre duas taças de chá a história da fantasia dela se derramou… Pois eu não estava pronta naquele dia e devolvi o inquérito, o que foi constrangedor. Nunca mais eu quis vê-la. Por quê? Não sei. Não foi um bom momento. Ou sei e não quero contar. Coisas do absurdo. Tão atuais atual! Estou moderna. Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres

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