entrei na loja para comprar o tecido, no tempo das lojas parques… / ir / brincar sem decidir nada, tomar sol na correria ou sentar no banco apenas para olhar. voltar depois… comprar ou não comprar? sair passear (o principal) e escolher. lembras do poema da Cecilia Meireles:
OU ISTO OU AQUILO – CECÍLIA MEIRELES Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão , Quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares! Ou guardo dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e não guardo o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… e vivo escolhendo o dia inteiro! Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo. Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.
também o amado, também o amor / ou este ou aquele? fisgada, ou escolhida, ou decido / escolho e agarro. ou… depois a danada da saudade do que já foi e não é mais, podia ainda ser / mas… mas, mas pois é, se escolhi o momento incerto – foi bom ou ruim – se eu me escolhi, foi melhor, se me lancei a querer e a lutar, também bom… perder, horrível, afundar, assustador, não te beijar, muito muito ruim. difícil escolher o rumo, a esquina certa, o mar que eu quero, a onda que espero. o calor ou este frio. o frio de hoje, de agora, deste junho. ah! não tem defeito. congelo por dentro, por fora, mas escolho: vou fazer como a Elza e ficar com as cobertas até o nariz / pensando, a Elza, lendo. Elizabeth M. B. Mattos – junho de 2025 – Torres conhecendo um frio bem frio, e agora sem aquele fogo delícia das lareira.

s a u d a d e