Mas o trágico também existe quando uma natureza média ou fraca é ligada a formidável destino, a responsabilidade pessoais que o arrastam e aniquilam, e, do ponto de vista humano, esta forma parece -mesmo mais pungente. Pois o homem procura inconscientemente um destino extraordinário, ou a dizer de Nietzsche, uma vida heroica, perigosa / desafia à natureza extra medida, desafia o mundo pela audácia. […] Como a tempestade arrasta nos seus vórtices a gaivota, assim a força do seu destino o leva mais longe e mais alto. O homem mediocre, em compensação, por essência, reclama uma existência pacata; não quer, não tem necessidade do trágico, prefere viver tranquilamente, na sombra, ao abrigo dos ventos, num clima temperado; eis a razão por que se amedronta, resiste, foge, quando mão invisível o impele para o desassossego, para a crise. Não quer responsabilidades históricas, não tem necessidade do trágico, prefere viver tranquilamente, na sombra, ao abrigo dos ventos, num clima temperado, eis a razão por que se amedronta, resiste, foge, quando mão invisível o impele para o desassossego, par a ‘crise’. Não quer responsabilidades mundiais históricas, ao contrário, teme-as, não procura o sofrimento, é-lhe imposto; vê-se constrangido de fora para dentro, não de dentro para fora, a ir além de si mesmo. Este sofrimento do ‘ não herói’, do homem meio-termo, se bem lhe falte senso evidente, não me parece menor que o patético sofrimento do verdadeiro herói, e talvez ainda seja mais comovente pois o ente ordinário deve suportá-lo sozinho e não tem como o artista, o meio venturoso de transformar seu tormento em obras de forma duradoura.’ Stefan Zweig se refere a MARIA ANTONIETA