de castigo

sentada com lápis e papel – a caneta… o caderno azul. os cadernos se amontoam desordenados, mas, necessários. tanta desordem! a vida não abraça, fica a me olhar desatinada. o que fizeste menina? destas tantas mudanças, destes pedaços alguma coisa, o irrelevante, se admira. dou-me conta que anos e anos passados não perdoei os empurrões e nem curei a dor. a vida se vingou. não sei por que em mim, se vingou de dentro para fora… a minha encarnação, talvez. cantos, espaços curiosos me protegeram, e aceitação. poucas vezes gritei ou usei da ironia, ou enfrentei… recuar e esperar passivamente. levantar cartas, estes castelos abrigavam meus príncipes e minhas princesas. estudar estudar estudar deveria ser o tema / o lema, mas não era, seguia ao sabor das velas nos pequenos prazeres. teria sido tão fácil se eu tivesse dons… aquelas qualidades certeiras. lembro da minha primeira torta de bananas… ocupei a cozinha numa hora silenciosa e limpa, misto de escondido e traquinagem, com medo incerto. mas, mas, mas não foi a torta foi o cheiro do queimado que a todos assustou. lembro das brincadeiras indevidas na sala principal: Magda, Ana Maria e eu fazíamos desfiles com as bonecas de papel ente porcelanas preciosas como colunas de castelos. Claro! Numa rabanada uma peça quebrou, solução? para baixo do sofá… Teria sido uma vassoura desastrada, não nós três. Foi a ultima vez que escolhemos Ah! o inverno! lareiras respondiam com alegria. Labaredas, movimento, encanto. Eram assim aqueles invernos. Este, gelado gelado gelado com memória, mas gelado… Elizabeth M. B. Mattos – julho de 2025 – Torres / sem fogo de lareira, com brilho da lagoa.

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