Há pouco tempo, na primavera passada, Encontrava-me num trem francês com Renata, fazendo uma viagem que, como a maioria delas, não fazia por desejo ou felicidade. Renata me mostrou a paisagem e disse: não é linda? Olhei e concordei. Era verdadeiramente belo. Eu havia visto o belo varias /….varias vezes. Várias vezes, por isso fechei os olhos. Rejeitavam os ídolos plastificados das APARÊNCIAS. Tinha sido treinado, como todo mundo, a ver estes ídolos, e estava cansado de suas tiranias. Cheguei a pensar que o véu ilusório já não é o que costumava ser. A porcaria está se desgastando. Estava pensando no poder das abstrações coletivas, e assim por diante. DESEJAMOS mais do que nunca a vivacidade radiante do amor sem limites e cada vez mais os ídolos estéreis opõem-se a isso. O mundo das categorias desprovidas de espírito espera o retorno da vida. A esperança de uma nova beleza. A promessa o segredo do belo.

O LEGADO DE HUMBOLDT / Samuel Bellow(p.23)

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