“Então a linda filha do rei atirou-se na água de braços abertos, estilhaçando o espelho em tantos cacos, tantas amigas que foram afundando com ela, sumindo nas pequenas ondas com que o lago arrumava sua superfície.” (p.47) Marina Colasanti Uma ideia toda azul
Então, eu tento revirar a memória pra lembrar onde e como eu era / eu fui, onde e qual lugar me tornei princesa, ou era a borralheira com a vassoura, quando eu me atrapalhei com / na memória? As perguntas se atropelam e confundem. As respostas tropeçam… Aonde coloquei as caixas com os papéis que me explicavam e definiam? Preciso dos documentos carimbados. Em qual caixa estão as fotos arrancadas, por que estão cortadas? Em que tempo eu deixei de ser eu, eu… a menina dos recortes, das revistas coloridas, da fantasia atrás da cadeira, do fogo da lareira, das calçadas? Eu tinha mãe e pai e tia e irmãs. Um mundo meu, de repente ficou tudo revirado e fui ficando marionete ou princesa. Que susto! Viver tem sobressaltos e pesadelos e o limbo. O tal limbo… Elizabeth M. B. Mattos – agosto de 2025- Torres – cinzento agora, frio depois do calor – será que vai chover amanhã?