autobiografia, história de ‘faz de conta’ ou sou eu mesma bocejando…

“Mes vingt premières années, il y a longtemps que je désirais me les raconter; je n’ai jamais oublié les appels que j’adressais, adolescente, à la femme qui allait me résorber en elle, corps et âme: il ne resterait rien de moi, pas même une pincée de cendres; je la conjurais de m’arracher un jour ce néant où ele m’aurait plongée.

Peut-être mes livres n’ont ils été que pour me permettre d’ exaucer cette ancienne prière. À cinquante ans, j’ai jugé que le moment est venu: j’ai prêté ma conscience à l’ enfant, à la jeune fille abandonnée au fond du temps perdu, et perdues avec lui. Je les ai fait exister en noir et blanc sur du papier.” (La force de l’âge, ed. Gallimard, coll. Follio Prologue p.11.) SIMONE de BEAUVOIR

Nesta lembrança picada de esquecimento, o desejo de contar/dizer o que, de fato, restou ou fez sentido, ou se destacou nesta vida arrastada / atropelada (estupidamente simultâneo). Esta memória me acorda e diz: estou/ estás viva menina. Ainda deves seguir, fazer. Tecer o tear… Fazer a manta, costurar as bordas e te aquecer. Será isso escrever memórias lembradas? Respira o caos em mim, espirro. Doer e dançar faz ser eu? Idade se mistura com consciência e segue seus próprios caminhos… Pode ser tão assustador como João e Maria perdidos na floresta. Era tudo proposital? Eles tinham pai e mãe? Seriam perseguidos ou morreriam de fome? Assim é crescer. E os tais fiapos importam apenas porque sobrevivi. Estou aqui nesta praia / balneário, cidade chamada Torres sem acento circunflexo, com menos falaisies, menos areia, mais tudo que qualifica cidade. Escola faculdade / lojas e vitrines, poucos veranistas, muitos muitos torrenses instalados, e outros a se chegarem para viver na mais bela praia do Rio Grande do Sul. De onde eu vim, por onde andei, por quais lados estremeci? …a recordar, eu estrei. Elizabeth M. B. Mattos – agosto de 2025 – Torres

Rio de Janeiro volta e me abraça – foto de Pedro MOOG

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