amado, perdido? não. sempre achado… na onda, na quietude, no inesperado de um bilhete, meu querido.
um belo dia a gente se muda? não sei. acho mesmo que o movimento dos solavancos são encontros / bons / definitivos, e, de repente, os mesmos e as tais idas / mudanças. explicar? o som do piano, a voz do vizinho… aquela insônia, o gosto da via/do rumo. a tua presença. ficar para sempre. uma risada… o teu silêncio e minhas decisões ruidosa. saudade.
o fato é que é fácil entender que há um motivo por trás do movimento, mas é mais difícil entender que haja algum também por trás da imobilidade. Mas isso é porque, aos poucos, nossa época foi conferindo cada vez mais valor à mudança, inclusive como fim em si mesma, a mudança é o que todos querem. Assim, não há o que fazer; no final, quem se move é corajoso, e quem permanece parado é medroso; quem muda é iluminado, e quem não muda é obtuso. É o que nossa época decidiu. Por isso, fico feliz que você tenha se dado conta (se é que entendi direito a sua carta) de que é preciso ter coragem e energia também para ficar parado. Penso em você. (p.280) Sandro Veronesi – O colibri
estou deixando o tal tempo passar: tua voz ecoar. estou esperando a memória desenhar, e… vou interpretar. antes, durante, depois. saudade apertada. um beijo. ah! pensei ainda… será mesmo de ti que sinto saudade ou do amor, da expectativa e das minhas próprias risadas? todos os dias digo / acerto / planejo contar / dizer como foi viver e ser feliz assim… Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2025 – Torres
