meu querido: sim eu te envio / escrevo uma palavra, e, junto um sopro incerto. não vou desistir, mas tenho vontade de desistir antes da vida me desistir… estarei a frente sempre?! não vou desistir /eu te confesso o estranho de não ter mais quinze anos, ou treze ou aqueles vinte corajosos anos… chorava bastante, tanto e muito mas segui em frente / o dia seguinte era/parecia tão fácil! tão sem tragédia. verdade foi sim um drama ou equívoco, um loucura estranha no meio das epidemias, outras incertezas… já te contei. e a gente se repete, conta mil vezes a mesma história e o mesmo espanto volta. quero um piano para tocar, uma força diferente, quero todos os pincéis e as tintas na paleta misturadas, novas, inventadas… quero escrever escrever escrever e acertar. planejar o enredo, ter personagens, mexer as teclas o sentido, subir e descer nos ímpetos e dormir saber dormir com paz e tempo… voltar ao cansaço de criança ao gosto do silencio e… claro, do piano, do teclado, da velocidade da música / aprender a viajar / gostar de ir e vir de um lugar ao outro não necessidade mas vontade colorida de viajar… quero tantas coisas travadas, talvez querer/imaginar seja mesmo viver. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2025 – Torres bem sombrio depois de uma chuva tímida.

Pedro Moog
