
não sei o porquê de amontoar tantas letras e seguir, seguir. escrever escorregando numa vala, numa ideia, tropeçar, sujar a roupa, não parar, escrever. quando menina queria que fosse um livro de verdade, uma história. ela iria embora, e ele não se importaria, ninguém diria nada, ela iria para não voltar. mas voltou, voltou / cortou o tempo, fatiou e desenhou o antes e o depois com as mesmas convicções. perdoou a decepção daquele casamento desfeito, e recomeçou a colorir a vida deles todos, como se fossem parte dela, obrigação dela ensinar a dançar, cantar e dizer… aprenderam depressa. e a casa, os móveis, e a vida cresceu ali… colada. quando venderam a casa mudou tudo, promessa dele que seria bonito, limpo e novo. e foi. eram apenas eles os dois colocados um ao outro, amorando o amor, recomeçando. Elizabeth M. B. Mattos- dezembro de 2025 -Torres