caos calmo

caos se define? pois é. segundo Sandro Veronese surpreende… no exato momento em que a vida se remexe estranha e você se imagina isolado ou em surpresa, ou viabiliza uma liberdade… pois é, não é assim. a sua volta o mundo segue, e, a imobilidade se transforma na ilha pacífica do caos / da incredulidade. vulnerabilidade, afinal, benéfica. será assim?

“Acabei de constatar que há 2.180 sites que mencionam ‘quiet chaos’, na Internet. Tentei abrir alguns, mas eram pesados e o meu celular não conseguia. O único que consegui abrir foi este, e então tenho uma definição de caos calmo: uma caçada que não termina nunca, uma caçada em que, de um momento para outro, pode se transformar em presa. O que isso tem a ver com a minha vida? Pode ser interessante refletir sobre o assunto. Mas, antes, pode ser interessante refletir sobre como chegamos aqui.” (p.380) Sandro Veronese Caos Calmo / Editora Rocco 2007 – Rio de Janeiro

banalidade

asas pela casa: não são as minhas nem dos anjos mas cupins. a alma passeando separada do corpo: corriqueiro da poesia. fúria contida do amor: saudade. noite mal dormida, coceiras do verão e outro tanto de saudade. corpo desajustado com o verão: espirros e inquietude. te amo. um dia fui assim, loira. (risos) Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2025 – Torres

de mãos dadas

fotografados, braços dados, sorrisos… não resolveu. a vida precisa de mais seriedade…. menos fotos, e menos encenação. melhor contar os dedinhos… e rever o ridículo… e chega de estrelismos, meu caro! não seja ridículo! Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2025 – Torres

colecionar vitórias… poder e poder… Deus MEU!

erros

A gente conserta erros com outros erros… Quase sempre. Se o que foi/deu errado tem explicação, não importa… Erros se transformam… Nunca em acertos, mas eles vão se burilando / se modificam com a luz. Não tive um campo em Bagé, como desejariam, acabei morando numa fazenda, num campo em Rio Pardo. Amei o Rio de Janeiro, Montevidéu, Buenos Aires, São Paulo. Tive uma filha… outra. Tive um filho. Tenho netos. Moro no lugar mais desejável do Rio Grande do Sul, Torres. Lembro dos amores incondicionais /perfeitos vividos. Termina o ano. Dias frios / gelados outros estupidamente quentes. Conversas esquisitas, outras incríveis. Bagunça, desconcerto. Terminei de maratonar uma séria turca. Quero ir pra Istambul. Quero me atirar na vida. Quero amar ainda uma vez, quem sabe duas? Quero ser SEMPRE feliz e chorar bastante. Quero. Elizabeth M. M. Mattos – dezembro de 2025 – Torres

ELON MUSK

“Fiquei perplexo e, admito, um pouco preocupado. Eu deveria ter cuidado? No fim das constas, Musk queria falar sobre questões que estava prevendo para o futuro, e a principal era a IA. Tivemos que deixar os celulares dentro da casa enquanto conversávamos do lado de fora, porque, segundo ele, alguém podia usá-los para monitorar nosso papo. Depois, porém, concordou que eu colocasse no livro o que ele disse sobre a IA. (p.605) Walter Isaacson ELON MUSK

beleza é assim

tanta beleza existe… no olhar preso, nesta inquietude que persegue, adormece e acorda, tudo junto. não, não é brinquedo nem distração, é o caçador inquieto e triste, feliz e atento, assim, tudo junto. Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2025 – Rio de Janeiro

Fotos de Pedro Moog

destaque evidencia

meu querido: evidencia e destaque estão juntos / não há como escapar. atrapalha o sonho pequeno, não tem espaço para o coração apertado, dúvida ou qualquer coisa que não possa ser filmado, no foco… não tem dia nublado apanhado, surpresa ou palavra incerta. um jogo permanente sem cantinhos nem sussurros: é claro que surpreende, assusta, mas é deste jeito. o inverso aparece nas dobras, numa vitrine paralela que se desfaz, daquelas com cortinas para não desbotar os tecidos. estamos nesta roda. difícil alterar, ou sair. Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2025 – Torres

apartamento verde

Ontem eu ri de mim mesma. muito.

Ao entrar em casa fui direto a caixa de correspondência: contas, e uma carta. Senti prazer enorme, era do Paulo. Que surpresa! Uma carta sem eu ter respondido a anterior? Livre e espontânea carta, eu me disse. Agora, inteira de prazer. Ele se importa se escrevo ou não! E lá desci minhas escadinhas rumo ao meu apertamento verde toda vaidosa do amigo.

Não abri logo. Reconhecimento da casa, Luiza esperando gentil, coisa estranha: estamos, as duas, voltando aos estranhamentos. Relações nos consomem. Não abro contas, deixo tudo perto do travesseiro. Durmo cedo. Dormir tem sido a solução: no sono eu venço espaços, converso, visito lugares, soluciono tudo. Estremeço de medo pra acordar e já é outro dia. Acabam os problemas, no sono. Depois vou revendo o tempo numa pergunta doente, o que eu tenho que esperneio sempre quando me apertam? Reclamo. Choramingo. Não tenho mais a risada frouxa ou nunca tive? Passou a novidade e fica na galeria o fantasma inquieto do terror é enfrentar as contradições e o palavrório todo desencontrado de ordens e contra ordens, queixas e lamentos. Na relação direta não é ético comentar. Dou meia volta e estou viajando: se o BAZAR existisse, se estivesse em Torres voltaria a vender livros, perdas doloridas, sonhos acabados. Gostava. Elizabeth M. B. Mattos – maio de 2003 – Porto Alegre

personagem

abrimos a caixa, enfileiramos fantoches, nominamos e montamos o palco… seguem estações: verão assim, no inverno diferentes, no outono, no outono eles mudam a cor… não saem da vida, ficam empacotados. a história tem apresentação… eu era assim ou assado, infância colorida, ou desbotada. afeto ou sem afeto, a casa deste jeito, não daquele outro… cada um conta de seu jeito. e repetimos / repetimos. o noivo, por esdrúxulo problema, se despede como no século XIX como sombra do tal Leocádio. estranho! um noivado completamente branco, ingênuo, bobo, talvez por isso… mas o efeito foi catastrófico porque em seis meses, sete, ou foram oito, eu estava me casando com outro… atropelada pela surpresa de ser ‘largada’ / e virgem! Tão completamente menina! sim, a história começa assim. Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2025 – Torres, antes Porto Alegre, logo Rio de Janeiro.