Angústia azul

O motivo  da angústia, da tristeza súbita nem sempre é objetivo, transparente. Caminhos internos, pequenas decisões nos arremessam para um terreno pantanoso, dolorido. A chaga ferve. A experiência anterior de frustração, o pavor diante do erro se manifesta na paralisação. E queremos dormir. Aquietar o corpo, viajar na sonolência. Estamos no limiar…

Olhei para meu pai sentado na cadeira grande perto da lareira. As portas do alpendre escancaradas. Sob a mesa redonda, abertos os livros de consulta. Quieto, olhos semicerrados, pensativo. Não interrompo. Recuo. Subo as escadas para o quarto. Sentimentos de interdição. As decisões não me parecem objetivas, mas embaralhadas pelo pânico. Abro as duas janelas, e me jogo na cama vestida, eu também espero o tempo passar…

Duas amoreiras carregadas! As frutas estão verdes, algumas rosadas, outras vermelhas. Um matiz de primavera. Sinto frio. É o vento! Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2012