O GRUPO DE BAGÉ

Deixo a memória de menina chegar. Em 1955 acompanhei a festa imaginando o salão dos espelhos do Clube do Comércio. Casa cheia nos preparativos para o grande dia! A mãe costura e borda o cetim azul do vestido que minha irmã vai usar no Baile de Debutantes.  Estou sentada na ponta da escada, atenta. Glauco Rodrigues também costura. Dele o desenho. O jovem artista usa com habilidade a agulha. Enfia minúsculos canutilhos, contas azuis e prateadas no risco do cetim. Vejo os moldes em papel de seda! A sala de jantar é o grande ateliê. Penso no baile. Nas cores. E os quadros da casa se movimentam na minha imaginação! Estou atenta ao biombo desenhado em nanquim por Glauco (ainda não conheço os painéis do cinema Cacique) que divide a biblioteca da sala grande. Imagino o prazer das virgens da lenda A Salamanca do Jarau.  A tentação do gaúcho dos pampas. Minha memória. Deixo-me queimar. Passados tantos anos! Encontro mensagens, jornais, protesto, e já são bem outros tempos! Os anos escondidos, guardados nas grandes caixas de papelão, e a história volta com O GRUPO DE BAGÉ.  Elizabeth M.B. Mattos – março de 2013 – Porto Alegre

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Um comentário sobre “O GRUPO DE BAGÉ

  1. Vale lembrar que o “Grupo de Bagé” foi formado inicialmente por artistas plásticos, escritores e músicos, conforme nos relata seu mentor, o escritor Ernesto Wayne que na época da formação do grupo contava tão somente 16 anos de idade. Segue abaixo um trecho de sua autoria na qual descreve as ruas de Bagé, e a menção sobre a casa onde se formou o Grupo de Bagé, sob a direção de seu pai o genioso Pedro Wayne.
    “Havia também a rua do Couto, a Maurity de agora, onde num sobradão amarelo, sob a égide de Pedro Wayne se constituiu o grupo de Bagé , do qual faziam parte: Danúbio Gonçalves, Glauco Rodrigues, Glenio Bianchetti, Clóvis Chagas, João Bonorino e Júlio Meireles, todos pintores. A turma do Teatro e do conto: Ernesto Costa, Ramón Wayne e Vicente Braile; Jaci Marachin, músico tocava piano, hoje é pastor protestante; Wilson Santos, pianista, cronista e poeta; eu ( Ernesto Wayne) que lidava com versos naquela época e que tinha um volume, “obra prima intitulada “ os Carnavais Póstumos” onde se podia encontrar coisas assim: “Céus abobadados reboam infinitos/ aviões abobadados já soam como risos/ e grávidas aves ávidas de gritos/ são vidas vazias graves como avisos/ . ( in caderno para todos, nº 44, Rio-São Paulo, 1ª e 2ª quinzena de março de 1958, republicado no Boletim do Centro Cultural Machado De Assis em 15 de agosto de 1959).

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