CONFISSÃO fora de HORA

Acordei assustada do sonho. Fiz chá, acendi as luzes. Vi o dia nascer. O significado da necessidade não está neste construir e destruir peculiar à natureza humana? É preciso ser livre para viver, mas desanimo no ócio, no gesto cansado da tristeza. Há urgência na vida. Esbarro na liberdade vazia.Que exista esta agonia! A vida queima, nós queimamos. Qual será o momento do encontro? Chegaremos à margem do Guaíba?  OU à margem do Mampituba?Ao poente? O lençol cobre a terra, mas o ar conterá todas as transgressões…Algumas passagens da vida têm a pincelada do corte, da ruptura com o pedaço interno lá de dentro do corpo; dói. Cheira a morte, doença. Acabamos sentindo fisicamente aquilo que temos no coração. Será justo, não será? Por quê? Por quanto fizemos e desfizemos, começamos, recomeçamos. Fizemos e desfizemos, não saímos do lugar, apenas morremos um pouco. Dias longos chegaram: não estavas aqui — poderias estar. Desânimo, cansaço igual ao teu. Quero voltar para nós. Costura minha dor e faz bordado deste arrependimento.

As mesmas palavras retornam para transbordar em confissão.

 

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