FOLHAS DE BORDO
“Antes da nova casa ser construída, Mamãe escolhia um dia de sol pouco tempo antes da Lua Cheia da Colheita e retirava uma a uma as portas da casa. Esfregava as portas com água e as colocava para secar ao sol, depois fazia uma espécie de cola e, com um pincel, grudava papel de amoreira novo, quase translúcido, nas portas. […] Mamãe pegava o pincel rapidamente o enfiava na cola como se, com extrema perícia, estivesse desenhando orquídeas para uma pintura tradicional no papel e, sozinha, colava o papel no alizar limpo da porta com movimentos precisos. Seus gestos eram despreocupados e alegres. […] Embora houvesse muitas árvores no quintal da casa, pés de caqui, de ameixa, árvore- do- céu, jujubeiras, Mamãe pedia especificamente folhas de bordo, que eles não tinham em casa, (p.102-103) O sumiço de Mamãe desencadeou a lembrança de acontecimentos que ele julgava ter esquecido, como as portas com folhas de bordo.” (p.104)
Quando o ano termina quero trocar as portas da casa, como nesta história da memória…
Por favor, cuide da Mamãe de Kyung – Sook Shin
Coréia do Sul
Essas tuas citacoes de autores desconhecidos me instiga a le-los. Texto delicado. O passado, as vivencias sao cicatrizes, marcas na pele que q nao desaparecem. Mae,pai, familia, raizes. E o renovar trara as marcas.
Adorei.
Tenho certeza que vais gostar. E muito. O livro tece uma teia de lembranças, de retomadas. E…, determinação. Na narrativa vamos apreendendo sobre o mundo, por isso coloquei o mapa. Vais gostar.