jogo de paciência

Depois de pensar que devo escrever todos os dias eu me vejo jogando paciência na tela do computador. Jeito estranho de passar o tempo. Nem um livro, ou uma revista. Ou a rua, as pessoas. Cartas. O jogo de paciência descamba em lances perdidos, estou distraída. Criança  silenciosa. Obediente. Sinto-me prisioneira. Grades voluntárias. Ativista? Ativista de um mundo que se modifica tão rápido! Volta ao passado? Uma oposição derrotada, iludida numa luta interna sem causa. Insatisfação. Bilhar? Sinuca? Xadrez, Pôquer. Ou Canastra? Copas? Uísque, conhaque, vodca ou cachaça? Revolucionária. Onde estão os heróis? Sigo às cegas limpando, perfumando, colocando o que eu chamo de beleza em cada possível recanto. Ordeno, esfrego o tempo. O polimento é a possibilidade. O fictício prevê o massacre… O soluço que permanece armazenado. Outra quebra outra guerra! O burguês, o operário oprimido, o rei. Invertido, ereto, horizontal, vertical, o poder noutras mãos…  Dom Quixote, Fausto, Demo, Ulisses. Prometeu. O encontro está na criação da obra de arte: o vestido, este prato, ou uma aquarela. A escultura, a flor, aquela árvore, um sapato. O beijo, a referência, um grito. A paz, um aperto de mão. Nos pequenos gestos de todos os dias. Não está nas cinzas. Ou estará em Hiroshima? O massacre. As torres de 11 de setembro? As crianças mortas  dentro da escola. A dor continuada dos oprimidos. A prepotência de quem exige. A violência está no olhar, na luta, na submissão ao mestre? Não importa o lado. A pirâmide segue misteriosa, e nós, os pequenos omissos seguimos tateado.

Um galho solto que completa o tempo. O ciúme, uma exagerada saudade. Elizabeth M. B. Mattos – dezembro de 2012 – Torres

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