“São Paulo, 17 de dezembro de 1964.
Beth querida.
“Ela! Veio de leve, natural.
“Ela” veio de um mundo encantado, de um sonho
“Ela” não quer ser formidável
“Ela” não quer encantar
“Ela” É carinho, amor, luz, vida.
Vida vindo de leve. Rosa em botão.
Estou dentro da noite
Mil quilômetros nos separa
Procuro retê-la na memória.
Tenho medo de perder os detalhes.
A voz sim. Tão meiga.
Certa vez, uma senhora indaga sobre detalhes do seu esposo do qual desejava ardentemente um retrato: percebeu de repente, que o amara por muitos e muitos anos, no entanto os detalhes haviam desaparecido de sua memória
Não tenho pintado
Não tenho vontade
Tenho vontade
Muita vontade de sair por aí.
Ir. Ir de vez.
Chove muito aqui. A Rua Augusta é um rio. Eu sou uma ilha. Escreva. Escreva para a ilha. A Rua Augusta 609 é uma ilha. Estou sempre pensando em voltar para ou a Porto Alegre. Tudo depende do Scarinci. Ele quer que eu fique aí, como professor, no Museu de Arte. Que tal? Estaríamos todos juntos. Até quando? Depois, partiríamos juntos para (vermos) a vida.
Um grande abraço a Anita, Dr. Roberto e Suzana ( a grande). Diga a Lili que ela é linda e querida.
Também saudades de verdade e carinho do
Carmélio”