Correspondência cartas: várias facetas. E todas importam. As da Madre Paulina, também da Madre Hermínia, e muitas da Madre Maris Stella: Cônegas de Santo Agostinho. Colégio Nossa Senhora das Graças. São Paulo, 28 de novembro de 1965. Eu deveria estar terminando o que se chamava terceiro ano do Segundo Grau, no Clássico, estudava línguas estrangeiras, e deveria fazer o que se chamava uma segunda época, prova em fevereiro, um exame para ser aprovada, era inglês: “Se tiver… uma segunda época, pouca importa… o importante é vencer! Tenho esperanças que vencerás!” Mas o mais curioso diz respeito ao que eu fazia na época: jornalismo na televisão. A primeira folha termina assim: “Espero que estejas feliz – com ou sem namorado. A impressão que não esqueceu o outro é impressão. Naturalmente (segue na segunda folha) cada um tem uma personalidade; no amor é preciso se dar para se sentir feliz. Aliás, em tudo na vida. Só se é feliz e alegre na vida quando deixando de pensar em nós nos entregamos pelos outros. É muito moça para se desiludir no amor. Viva sua vida aberta em flor! Agora seu dever é vencer os estudos. Aproveite tua inteligência e capacidade de aprender. Quero saber que no próximo ano seguirás um curso superior… Depois, continuando na Aliança Francesa, poderás obter bolsa de estudo… em Paris! Que alegria para nós (…). Ainda não me acostumo com a idéia de trabalhar na T.V. Não gosto mesmo. Nem gosto de saber de tais propostas…” Eu tinha sido convidada pela TV Piratini, canal 5, dos Diários Associados, para criar/ fazer um Jornal Feminino na emissora, na época concorrente do canal 12 da Globo. Ela segue: “Já te disse que poderás fazer linda carreira como escritora, sem precisar te expores às críticas do público, como está acontecendo em teus programas de T.V.” E na terceira folha: “Veja se aproveitas tuas férias para no ano que vem, seguires a nova etapa da vida (…)”
A correspondência enriquece sempre a linha biográfica, a história de um determinado tempo, contexto. Nesta carta religiosa que segue a filosofia de Santo Agostinho! Veio também um São Francisco… E relendo me parece tão atual! Tão importante como um bilhete do Glauco Rodrigues, ou do Paulo Hecker Filho, do Iberê Camargo, do Danúbio Gonçalves, ou da Edy Lima. Do meu pai, da mãe, das irmãs, dos amigos, dos amados… Não estudei em Paris, mas em Limoges. Curiosidades, coincidências! Amorosidade!