As fotos do tempo, no tempo devem permanecer.
Érico Veríssimo o padrinho.
Rita Ruschel, filha do ator Alberto Ruschel, afilhada.
Anita de Athayde Mattos a madrinha.
Na casa da Vitor Hugo, 229 em Petrópolis.
P.Alegre, 12-4-203
Beth:
Bonita entrega. A flor e agora a foto, o livro, a carta. Encanta o cidadão. Da flor falei, na foto me espremi, saiu melhor a Itamara em azul, do livro sou fã do Giacometti; cópia de um magrinho seu, que mandei fazer há mais de vinte anos, desde então se acha na entrada do apartamento. Na carta, achas ‘ humilhação correr atrás de homem’; diria que de mulher também, quando um ou outro não querem mais. E não resolve. A gente só encontra a paz possível é se estabelecendo caminhos e sentimentos para a paz. Exemplos: se ganho mil, viver dentro dos mil; se um parceiro se desvia, tentar outro; se a angústia bate, adiá-la com os sabidos métodos de ver tevê, cinema, teatro, ler, telefonar, sair de casa, mas o melhor deles foi sempre trabalhar. Cultura e ZERO HORA são uma briga de foice por lugares e, pelo que sei, pagam muito mal para quem começa. Vai de Itamara, que já simpatizei com o humor dela na foto. Beijos às duas, do Paulo
Após sua morte os arquivos e a correspondência de Paulo Hecker Filho foram doados a
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Jusqu’à Vatican II, Limoges, comme la ville de Tours, a été un centre important pour l’édition de livres de piété.
Avec les offices du Dimanche et prières diverses -La Messe de Mariages et La Messe des Morts –
Limoges Marc Barbou et Cie Editeurs
Ainsi soit-il.
Rezar em todas as línguas: português e francês, também espanhol, ou russo, ou chinês.
Em Israel também. Esperamos um mediador. Papa Francisco de Assis, ou Xavier? O nome é Francisco.
Danúbio GONÇALVES retrospectiva em vida…
Livros,indignação. Atelier Livre de Porto Alegre. Homenagem. Filme: depoimentos. Charqueadas. Rio Grande do Sul. Viagens. Labirinto. Centauro. Óleos, aquarelas, desenhos, presença. Caráter, vigor. Ideal. Posição. Painel. Grupo de Bagé… Saudade. Desenho. O gesto, a mulher, o amor. O atelier.
Luz nos anjos despidos. Mensagem…OBRIGADA Danúbio.
Torres em manhã sem sol. Outono no verão. Menina amuada esticada na cama, abraçada ao travesseiro, espera… Um meteórico encontro telefônico em sonolento português, ou era espanhol? Mencionou este outono… Não! Disse do mar esverdeado tão claro, ou apenas aguado pelo rio Mampituba. Das barcas avançando com redes, e dos botos, lembrou de contar. Mencionou os pastéis, a cerveja, e os camarões no espeto. A frio que fica grandão depois de um dia de calor verão. Claro! Citou o mar e também a espuma rendada na areia. Mencionou o silêncio das ruas e o vento entrando pelas frestas das janelas. Nem disse nada sobre sono e desejos… Explicou o sentido da liberdade. Livre para ser ela mesma, e fazer ela mesma ser assim: um desenho, uma aguada, e óleo na tela. O som, a palavra é agora. Telefônico encontro. Estranha emoção: como se a beleza da juventude voltasse toda. Ela soletra devagar o nome. Coisas de sonhos tropeçando, e despencando. Lá esta plantada na beirada da vida do outro. Gosta de tocar na distância deste refrão. Talvez seja possível. Pois é, oxalá possa reatar velho sentimento, ou nova amizade. Não pode, certamente, invadir. Abrir velas, descobrir terras e chegar ao monte Pascoal! Não pode expor nem exigir. Olhar é o limite, mas… Bem, os encontros precisam ser no tempo certo, no limite certo, e justo na beirada da história de cada uma das suas próprias histórias. Elizabeth M.B. Mattos – março 2013 – Torres
A desordem aumenta, aborrece e justifica. Atordoada sem resolver o problema paralisa: roupas, livros empilhados, papéis, fotos, louças e talheres a serem encontrados e copos desaparelhados. Desânimo. Mentalmente visualiza o lugar certo, e a beleza. Sim, importa a beleza. Lembra de Anita… A casa onde jantamos ontem: estrutura perfeita. Madeiras, vidros, luz, móveis tão feios! Recorte de beleza, não o cheiro, nem a possibilidade inteira. O bom gosto servido nos detalhes. Boa comida, boa música. E assim mesmo esvaziada. Sente o desânimo. Engole possibilidades. Invalida. Aqui e agora não visualiza projetos. Alimentar a certeza. Este fazer necessário. No entanto precisa do ócio. Atropelada por possibilidades tropeça. Imóvel. Gostaria de permanecer por muito tempo imóvel. Depois, acometida pelo súbito desejo escreveria páginas e páginas. Aquelas tantas letras que prendem a garganta, e fazem gaguejar, escamotear… Esconder o gesto. Saltariam os projetos. Acaba de bordar a estratégia… Fios de linha azuis e verdes, agulha fina. Segue o risco imaginário, Laboriosa menina! Abre Judas, o obscuro… Ainda nos primeiros capítulos, mas volta ao Fausto. Thomas Mann presente. Senta e lê mais dois capítulos. A disciplina meio ao caos. Escreve um bilhete:
Obrigada pelo poema, Itaci ficou feliz. O livro é bonito, verás as belas fotos! Já encaminhei tudo. Estás sempre tão perto! Eu me embalo. Perdi o ritmo das longas cartas…
“P.Alegre,22 de abril de 2003
Beth, cheia de palavras, gestos, vendas, quadros, esculturas, Flávios e outros ários, Ita e outras Maras, calma, mulher. Publicar livro não muda o panorama. Eu é por já estar acostumado, mas passei trinta anos sem editar livro. Há província na província. Ah, vou juntar a esta carta uma carta de hoje de manhã sobre nossas vitoriosas mulheres escritoras. Depois me diz se adianta. Li, como todo mundo, o ‘DJ em Paris’, mas já na época achei excessiva a recepção. Logo passei, como se diz em pôquer, em matéria de Roberto Drummond. Não vai na onda, o Paulo Coelho é escritor competente. Acham demais que tenha entrado para a Academia e é mais escritor que pelo menos 35 dos 40 acadêmicos. Não que goste do que escreve: todo-mundo nas idéias e superstições, mas sabe escrever e, mais, sabe o que um romance exige. Bicotes, Paulo “
Após sua morte os arquivos e a correspondência de Paulo Hecker Filho foram doados a
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
E, sua biblioteca particular ao amigo Paulo Bentancur.
Francisco Stockinger (XICO) fala sobre as artes plásticas no RGS e especialmente em Porto Alegre. Em seu entender, o progresso nas artes, em nosso meio, de maneira geral, deve-se principalmente aos seguintes fatores: 1 – Clube da Gravura; 2 – Associação Rio-grandense de Artes Plásticas; período que vai de 1956 a 1959; 3 – O debate de Iberê Camargo sobre o marasmo das artes plásticas no RGS, do que resultou a formação do atelier livre da Prefeitura, onde foram ministrados cursos do próprio Iberê, Marcelo Grassmann e outros; 4- Dinamização do Museu de Arte do RGS; 5 – Formação de seções especializadas junto aos jornais. Os jovens artistas gaúchos têm oportunidade até demais; o futuro, para tais jovens, é promissor; “Se continuarmos nessa marcha – diz Xico – dentro em pouco seremos, indiscutivelmente, o terceiro centro do Brasil”.
(…) opinou Carlos Scarinci “a medida em que for possível institucionalizar o movimento gaúcho, através da criação de um verdadeiro museu de arte e estabilização do movimento das galerias, em sentido tanto comercial como artístico, teremos critérios de avaliação mais rigorosos, que por isso mesmo, definirão o nosso movimento em termos objetivos de valores estéticos.’”(p.23)
Paulo Roberto do Carmo autor de ‘Crisbal, o guerreiro’, se pronuncia: “Penso que a situação atual no Rio Grande do Sul, no que se refere à poesia é de expectativa – mas no sentido grego da palavra – isto é: cega e cruel. Vivemos um estado cultural selvático e inóspito à subsistência e educação do poeta. O sol da intolerância e da incompreensão estiola qualquer florescência que não esteja inserida no código de industrias e profissões. (…)”
REVISTA DO GLOBO
ANO XXXVIII – Número 928 -Primeira Quinzena de Agosto –1966 –
Não é o caso de fazer comparações, afinal de contas não é isto que importa. Qual a melhor das nossas atrizes? Mas, o certo é que não se engana quem chama Fernanda Montenegro de ‘primeira dama do teatro nacional’.
WALTER GALVANI
REVISTA DO GLOBO
ANO XXXVIII – Número 928
Primeira Quinzena de Agosto -1966 –
O tijolo, a pedra, a casa, o sonho.
A raiz, o caule, a água.
Luz e expectativa do pra sempre… Era uma vez!
Piano. Velas. Lareira, o contorno. Ideia de aconchego…
Em Santa Cruz do Sul! Recorte: no alto do morro onde é mais fresco no verão, e mais quente no inverno.
O detalhe preenche espaço, tempo.
Sem apego.
O caminho é o caminho. As camélias respondem. Os paralelepípedo coroam.
Uma foto traz de volta o tempo do outono. Guardamos imagens distorcidas, nossas.
Outra década de cristais, prata, arte, terra, buganvílias, orquídeas. Flauta. Escrita. E a lagoa.
Não ficaram por lá nem livros, nem discos de vinil… Vieram retratos, e bom gosto. Cheiro de alegria. Ficaram os persas, veludos, mármores, e armários franceses.
Outro espelho da Vitor Hugo 229, em Petrópolis, Porto Alegre.
Sigo caminhando. Livre.