“Por que tanta donzelice, tanto pejo em relação a escrever? Certamente porque escrever é, em princípio, ato tão íntimo quanto a masturbação, com a qual guarda notável parentesco. […] Essas ilusões mundanas, engraçado, muito pouco têm a ver com a nossa luta silenciosa e, sobretudo, com nossas angústias. Felizmente, esse diálogo com o papel em branco, com o teclado, não é só isso, luta e angústia – é também um grande gozo. É dessa maneira que justificaremos nossa existência? De que tamanho é nosso equívoco?[…]
Gostaria de levar minha dúvida ao Nilton; que ele explicasse a visão que tem de mim, de que sou um escritor. Afinal, o erro de pessoa é o mais trágico – ou tragicômico – dos equívocos.” (p99-p103)

Todo o capítulo oito de A Idade da Paixão se estende sobre escrever. Ser ou não ser um escritor: prazer, solidão e gozo.
O livro ganhou o Prêmio Jabuti Melhor Romance. Merecido. Rubem Mauro Machado agarra o leitor. Edição da Bertrand Brasil 2006.
