Afinal escrever, apontar fica no jogo de quem acerta quem, e quando. E a certeza de que eu existo enquanto estou do outro lado, no contraponto, ou num tabuleiro de xadrez. Quando as palavras atraem algumas palavras, ou umas as outras, pintamos a tela, guardamos referência, e história. Ou cartas que abrem novas interpretações. Elizabeth M. B. Mattos – janeiro de 2014 – Torres
Revista GUIA das Artes: Ano 5, número 21 Cr$300,00
Brasileiro Clássico
“[…] falava-se naquele de uma exposição, aberta naquele dia, de Iberê Camargo. Os jornais de São Paulo tinham publicado declarações amargas de Iberê Camargo, relacionando sua obra com a circunstância trágica do homem com suas próprias vivências pessoais. […] Ianelli resolveu jogar na mesa pensamentos do pintor minimalista Ad Reinhardt, famoso por suas radicais telas monocromáticas em negro. ‘Apresentar a arte como arte, e nada mais, fazendo-a mais pura e vazia, mais absoluta e exclusivista, não representativa, não-figurativa, não subjetiva’, leu Ianelli de um papel de seus guardados. Mais: ‘O artista vem do artista, assim como as formas da arte vêm das formas da arte, e a pintura vem da pintura. E: ‘A única coisa a dizer sobre arte e vida é que arte é arte e vida é vida, que a arte não é a vida e a vida não é a arte.’ Claro que a intenção de Ianelli não era polemizar com Iberê in absentia, mas sim tentar discutir posturas tão opostas. ‘Com quem está a razão’, provocava, obviamente tendendo a apoiar o purismo de Reinhartd.