O amor tem recantos secretos, indizíveis, confusos, plenos. Este muro de ar impede o grito, o beijo, a risada. O sentimento preso se protege quando aquietado, sereno. Quando a luz quebra. Ar, vento, espaço, coração abertos… Então nos expomos inteiros.
“Cometi um erro. Adultos devem evitar exprimir coisas que possam constranger as pessoas. Devem evitar proferir, impassíveis, palavras que os impeçam de se cumprimentarem na manhã seguinte.” (p.149) 
“- Foi uma pessoa misteriosa – murmurou o professor, contemplando as gaivotas voando bem alto no céu. – Eu me pergunto se continuo a me preocupar com ela mesmo agora.” (p.162)
“Parei de me preocupar com as intenções do professor. Sem aproximações. Sem afastamentos. Cavalheiresco. Feminino. Um relacionamento superficial. Decidi que seria assim. Sóbrio, longo, sem exigências. Por mais que tente me aproximar dele, ele não me dá chance. Parece existir entre nós um muro de ar. À primeira vista tão leve a ponto de não se poder segurá-lo e, quando contraído, acaba repelindo tudo. Um muro de ar.” (p. 207)
A valise do professor. Hiromi Kawakami

