Estupefata! Não com a possibilidade de não vires porque uma bomba sempre pode cair em terras aleatórias. Estupefata com a descoberta deste meu novo egoísmo, e desta racionalidade. Tardia observação tão bem manifestada me surpreende. Surpreende porque volta com renovada carga de culpa, e responsabilidade. Então foi somente minha a culpa de não ter visto, nem acreditado nos teus esforços dirigidos ao amor. Aliás, como tudo o mais, no que se refere tua longa narrativa sobre unilateral encontro infinitas possibilidades de amorosidade antes desconhecidas. Como pude não perceber? Então devo acreditar que não te amei com tamanha intensidade e sofrimento! Seguro esta bola de fogo penitentemente. Desapareceram idas e vindas furtivas, esperas amorosas, e também o para sempre. Nunca te ocorreu que o racional chega meio ao choro e decepções de encontros frustrados? Uma carga de defesa natural? Palco de desejo e possibilidades anulado. Fantástico teres imaginado, volteado, ou pavoneado sobre vivermos juntos! Não compartilhas sequer da virtualidade. Tua carta surpreende, não por não teres chegado, mas por duvidares, afinal, do que denominávamos nós. Tenho apreço pelas tentativas. E paradoxalmente ainda te espero. Não neste verão atípico, agora, mas amanhã, ou em qualquer futuro. Assim, seguramos o amor na ponta dos dedos. Elizabeth M.B.Mattos – fevereiro 2014