O tempo, não apenas nosso, mas da casa inteira. Do lugar. Do homem que atravessa a rua. De quem nos chama ao telefone. Do jogo de futebol. Não basta limpar, arrumar, ordenar, desejar fazer para reter, segurar, agarrar o movimento. Como posso prender tudo dentro do balão? A esfera sob a cabeça… Como nas revistas em quadrinhos. Um quadrinho depois do outro.
As horas vão se desmanchar no dia. Na noite. No vento, e também nas trovoadas. O sol esquenta a terra, e o balão suspenso espera a hora de explodir. Por que não consigo parar de pensar que o relógio amarelo deixou de funcionar? E o menino, olhos abertos, inverte o tempo. E o tempo não volta. Dói estar a espera do vazio, imóvel. Ele não grita. Espera. E está triste. Sei que o relógio não vai funcionar, e porque sei sinto a vontade azul, aquela vontade que faz chorar. Elizabeth M. B. Mattos – abril de 2014 – Porto Alegre