Fragmentos de excelente livro, indicado aos amigos Bento Roberto, Eduardo Costa, Caio Ribeiro, Lalo, Doca, Jan, Walter, Alcides quem sabe Jorge? Flávio Tavares, Dr Raul. Quem se interessa por pérolas, e pelo Rio Grande do Sul?
Memórias do Coronel Falcão de Aureliano de Figueiredo Pinto
“Se em cada correligionário há um dissidente futuro: é a inveja. Se em cada adversário há um detrator ou um adesista: é a ambição. Conosco não tem disso: nós nos instalamos no equador da virtude. Somos a pauta, e o paradigma.” (p.74)
“Sobre quase 30 anos de estagnação e charco, de considerar a coisa pública como propriedade particular, o sindicato municipal mamando o orçamento magrinho, teve um arrepio de surpresa. Era lá possível vir outra gente para a direção e posse dos cargos? Que esperança! Aquilo era deles. Por direito divino. […] Ninguém saberia governar uma comuna, senão eles. Ninguém tinha o direito de meter a colher ali. Assim o exigia o partido. Assim o determinava a verdadeira natureza das coisas. Um absurdo. Uma loucura desses idiotas. O Presidente do estado fora iludido. Ora, querer governar município …Quem? […] (p.76)
Entretanto, de cada querência saiu gente relinchando entusiasmos. […] Não era o programa. Não era bem a novidade o que sacudia o ânimo popular. Era uma aura de rebelião contra tudo o que estava há tanto tempo. Mudar a monotonia do estabelecido. Rajada de vento novo varrendo o tédio das instituições. Desmoralizando de vez, a manha canhestra e conhecida das raposas políticas. Dos conspícuos sujeitos que uivam pelas tradições gloriosas. Pela evocação dos ancestrais. Da gleba – heroica. – E vão palmeando, de manso, enquanto a turba lhe segue o braço eloquente para o céu da pátria, vão palmeando de manso, no orçamento ou na trampolinagem, o preço encoberto de safadezas […]. (p.77)


