Ao acaso, ainda lendo Coetzee, apreendo forma, sentido. Apreendo prazer.
Estou de volta pro mar. Esperando a medalha. Esperando. E, no entanto, sem fazer nada especial.
“ A gente gosta de pensar que é especial, meu menino, cada um de nós. Mas de verdade mesmo não pode ser assim. Se todo mundo fosse especial, não sobrava para ninguém ser especial de verdade. Mas nós continuamos a acreditar em nós mesmos. A gente desce até o porão do navio, no calor e na poeira, carrega o saco nas costas, leva para a luz, vê os amigos batalhando do mesmo jeito, fazendo exatamente o mesmo trabalho sem nada de especial e sentimos orgulho deles e de nós mesmos, nossos camaradas trabalhando juntos com um objetivo comum; mas num cantinho de nosso coração, que escondemos bem, cochichamos para nós mesmos: Porém, porém, você é especial, você vai ver! […] ” (p.58)
J.M. Coetzee, A infância de Jesus.