Do baú, apresentação provisória do texto, Memórias de Xico Stockinger. O livro saiu apressado do prelo. Xico Stockinger escreve com seriedade na serenidade. Confidência linear, memória seletiva. Se algumas pessoas ficaram menos próximas, afirma o escultor, nunca foi por desamor, mas certa incompatibilidade diante do que ele afirma/chama de lealdade. Incompatibilidade, a chave. Tudo que fez assumiu no peito, diz ele. Modesto. Homem de trabalho. Se a vida o reverenciou, ele aceitou, não alardeou, afirma. Grandes e pequenas curiosas histórias: um sorriso, reticências. Cautela para digitar tudo nesta conversa de memória, biografia, autobiografia. Vai margeando. Salta o espontâneo. Agarro e escrevo/transcrevo.
O pequeno livro é a memória dos seus oitenta e dois anos. O resultado faz parte de jornada programada. No artista Stockinger existe exatidão, cuidado com o perfeito. A vida não é leve, mas intensa, afirma. Ordem. Ansiedade também. Fazer tem polimento, cuidado. Instrumentos de trabalho. Este é o Xico. Depoimento entre perguntas, respostas e desabafos. Trabalhar, segundo ele, é a combinação certa com a vida de viver. Organização, tenacidade. Embarcamos. Elizabeth M. B. Mattos
Porto Alegre, junho de 2002.
Um bilhete de Xico: “Faço questão que continues perguntando, pois acabo respondendo tudo. Agora uma pergunta minha: como é que o Eddie Esteves entrou nesta história? E conta como saiu o teu bife de panela? Bem, vou indo. Um bom fim de semana; manda as perguntas, e lá vai um grande abraço. Xico82”