Escrever é um jeito de conversar consigo mesmo. Conversar pode ser mais amargo do que estar completamente sozinho a escrever. Temos um prazer esquisito de juntar as letras, uma costura intima definitiva… O corpo vai se deteriorando num egoísmo cansado, e tudo parece meio vazio, sem sentido. A química deixa de funcionar. E o sentido também. Conversar, ou se fazer entender pesa difícil… Como se carregássemos um saco de pedras que não está nas nossas forças. Se fazer entender fica pesado. Esta coisa da relação tem um amargo estranho quando não temos afinidade, certezas, ou amorosidade. Já é tão tarde, mas fico a pensar que começo a entender o desejo da comunhão. O conforto da igreja, da reza. Porque a natureza já nos tomaram… Cada vez mais devastada a terra. Este já nos tomou soa falso, irresponsável. E é mesmo um grito sem som, vazio. Desistimos. Desânimo. Neste momento difícil de fazer entender, dar sentido. Jogamos cartas, paciência, canastra, dominó. É um jeito de estar em lugar nenhum. Fico a pensar que o desejo de voltar pra casa é permanente, único. Não existe a solidão explícita quando somos crianças. Temos sonhos. Desejamos encontrar alguém. Ter isso ou aquilo. E a caminhada faz a diferença. O sentido. E adolescemos cheios de esperança. Envelhecemos desanimados. A retrospectiva. Um enorme cansaço de repetir, recomeçar, acreditar. Não faz sentido esperar. Esperar o que não chega. Nem o sorriso, nem a palavra, nenhuma vontade.