Histórias de interdições do amor, cartas duplas de um duplo momento: dúvidas. Fio do ontem, e do amanhã sem o agora. Duplo na desconfiança do primeiro movimento: “porque, geralmente, é o bom”. E nós não o consideramos bom. Recusamos, escolhemos o segundo momento. É uma elaboração secundária, a inteligência não permite saboreá-lo. Imagem da realidade tal como eu preferia que fosse, e não imagem da realidade como ela é. Existe o espelho, estamos lá e cá, ao mesmo tempo. É no duplo que se localiza a interdição das primeiras experiências. Trágica impossibilidade do imediato. Desconfio do imediato, precisamente, porque duvido que ele seja realmente o imediato. Este imediato que se apresenta como o primeiro; mas não seria, antes, o segundo? Aqui está o sentido da reminiscência. Nada jamais é descoberto: tudo aqui é reencontrado, trazido novamente à memória graças a um reencontro. Em suma, para ser real é preciso copiar alguma coisa, repetir alguma coisa, fixar-se em algo já conhecido, real, pelo menos para nós. E o segundo lance nos parece uma repetição de alguma coisa já vivida, inacabada, mas sentida, e, definitivamente vivida, presente na memória. Talvez estas emoções não sejam nada mais do que a desconexão. Abandono. A lembrança, luxo presente. Para a percepção do eu, do que eu sou, são úteis certas lembranças do passado mesmo que se anulem no presente. Elizabeth M.B. Mattos

