Conversar a conversa

Daqui a cinco minutos serás enterrado, ou não sei o que farão com teu corpo, não estou lá, estou desfeita. Longe. Queríamos a estória. Posso contar dias, minutos, repassar mensagens, ouvir os áudios, voltar a cada encontro. Poderei voltar no tempo, estarei eu comigo mesma.  Não estarás aqui. Não posso te olhar, nem te tocar, nem ser beijada, nem te beijar. Não acredito que foste embora …  Não compreendo por que me largaste aqui no meio do nada. Tinhas que ter pedido mais tempo. Tempo para nós dois. Não sentirei teu cheiro, teu gosto. Nem posso dizer te gosto. Nada mais será tu e eu. Não vestirás o jeans, nem os tênis. Não chegarei com cabelos desarrumados, bolsa superlotada, unhas sem esmalte. Nem vamos rir e conversar a conversa. As perguntas que não fiz, as respostas que querias não existem mais, desapareceram contigo. Textos autobiográficos que se cruzavam travados agora se enrolam no vento. Atravessamos a linha proibida e na urgência de sermos apenas nós fomos atropelados. Querias olho no olho, mão na mão. E agora nada. Talvez estejas ao meu lado. Estar ao lado parece sempre possível quando nos penduramos no amor. Talvez eu escreva o livro por nós dois. Talvez eu me sinta confiante. Talvez tu voltes. Talvez consigas entender, e me escutar… abril de 2017 – Torres – eu não estava presente. Elizabeth M. B. Mattos – Torres – inventamos uma conversa, e, não conseguimos terminar.

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