adquirir

…não sei bem o motivo, mas estou me afastando completamente dos meus objetivos, aliás, não sei mais quais eram estes objetivos, motivos. Nem sei por que estou lendo este livro, não aquele outro.  Tenho uma seleção séria importante em cima da mesa, e não leio. Eu perdi o embalo, o motivo o porquê de fazer algumas coisas que eram ditas prioridades Não estou entendo o que acontece, eu perdi o rumo… tenho certeza absoluta que não sei porque estou neste cruzamento. Não sei falar, não vejo, nem sinto o cheiro. Não tenho vontade. O tempo o que se nominou tempo se faz amanhecer lento, arrastado com meia dúzia de fadas e quatro demônios  que me cercam; acho divertido porque alongam a manhã… Depois, súbito, envelheço, esqueço. E logo o tempo se adiantar na manhã que é imponente (importante porque gosto do amanhecer), e a tarde desaparece no sono que mente, deslavadamente, mente e se esconde dentro de mim. Estou lúcida e amorosa, amargosa. Depois  caminho e não  chego….,não consigo,…fica tudo ali preparado para  um olhar  gesto ou alguma coisa positiva / boa / nova. A tal espera de que aconteça e acontecendo dê sentido ao que nomino dia. Surpreendentemente, não chego, não estou encontrando o caminho, e o dia já é noite. Os livros estão estranhados, desinteressantes, misterioso aberto explícito, raso e inalcançáveis. Cai no vazio a ideia importante. A tempestade levantou as telhas e sinto o vento, sinto uma certa angustia: sumiram as palavras. Desapareceram as referencias.  Todas as leituras se esvaziaram de sentido. Esqueci os bons livros, ou não eram tão bons? Não sei o que vou dizer  ou escrever, nada é relevante. Sinceramente, não sei o que pensar ou explicar; vontade de sentar na beira da calçada e olhar para céu… Será que a lua está lá, ou tem estrelas, ou são passantes. Passantes e nada se parece comigo. Estou exausta, desculpa. Estou exausta por estar trancada, incomunicável. Apenas sonho, e sono. Estou com sono. E não acho importante dizer sim ou não. Eu me perdi num hoje num agora. Eu me perdi. Eu me perdi.  Maio, junho, julho, agosto, depois setembro. Setembro pode ser um bom começo, ainda não é um bom começo, ainda posso lamentar, ser incoerente, e silenciar, pedir perdão. Detestável o que acontece neste prato raso… Nem  arte sem espanto nem palavra. Intolerante. Não se diz  N A D A. Detestável! Instável. NADA. Elizabeth M.B. Mattos – Torres, setembro 2017

“Esta vontade de adquirir conhecimento tinha um certo elemento de pânico, em momentos de revelações repentinas e terríveis eu compreendia que no fundo eu não sabia nada, e que havia pressa, eu não tinha um segundo a perder. Mas era quase impossível conciliar essa velocidade à lentidão exigida pela leitura.” (p.264) Karl Ove Knausgard  in A descoberta da Escrita (Minha Luta 5)

Pierre Bonnard 2.jpg mimosas

Pierre Bonnard

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s