Ar e cheiro, ou alguma coisa … Percebo, percebo. Engole o gole. Pedaço, parte … sim. Monstro ou lobisomem ou ser humano não humano, e faz desaparecer o traço, – engolido, amaldiçoado -, faz a mágica. … há qualquer coisa pesada! … Abafa hora segundo dia. Suga. Engasga. Esvazia. Estranho! Ou sou eu a me reconhecer pessoa, sensação. É a medida errada, excessiva de felicidade, ou de alegria vazia inventada. O sentimento de que tudo, eu mesma certamente devidamente acomodada. Nada se ajusta a nada. Mundo avesso no desenho. Buraco ou sumidouro. Tão enlouquecido o sentido, ou o sentido não há, …não percebo. Ilha num mar que desconheço.
A notícia arrasta para cá ou para lá, deixa afundar … hipnotiza. É a loucura desvairada de tentar ser, ou fazer acontecer. Estar presente sem minimamente estar … a comédia, a tragédia se intercala com a rapidez impossível do nada. Vazio absoluto. Não existe voz, corporificação. Alma a resolver, porque não é ele, mas a ideia, presença transparente que se mistura. Não sei organizar. Caos nas estantes na lógica e nas gavetas. O desespero se esparrama. Vigia e isola sem dor ou alegria. Sem enxergar ou ver. Absorver não basta … Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2017 – Torres
“Não é só a velhice, mas pode ter algo a ver com isso. Acho que a multidão, aquela multidão, a Humanidade, que sempre foi difícil para mim, aquela multidão está ganhando, afinal. Acho que o grande problema é que tudo é uma performance repetida para eles. Não há novidade neles. Nem mesmo o menor dos milagres. Apenas se arrastam sobre mim. Se um dia eu pudesse ver UMA pessoa fazendo ou dizendo algo incomum me ajudaria a seguir em frente. Mas são rançosos bolorentos. Não há emoção. Olhos, ouvidos, pernas, vozes, mas … nada. Congelam -se dentro de si mesmos, se enganam, fingindo que estão vivos.” (p.129) Charles Bukowiski – O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio – LPM 1999
