Bela e Fera EVA Sopher

Conto / repito repetidas histórias. Amarradas no imaginário: traduzidas, e ainda apaixonantes… Fantasma – herói da selva e de destroços. Ou a explicativa A Bela e a Fera com amor jamais esquecido, tomado, avolumado, intrépido e valente, … Picotado por desencontro, mas eterno a cada dia fugaz … Sim, a mesma FERA e BELA de Flávio Tavares. Eterna a nossa Eva em notícia que não pode silenciar,  estará presente a cada espetáculo do Theatro São Pedro, joia de Porto Alegre.

Elizabeth Mattos – fevereiro de 2018 -Torres

tavares e eva a fera.jpg

 

paixão desvairada

A SOCIEDADE DOS SONHADORES INVOLUNTÁRIOS

José Eduardo Agualusa

A impressão geral não era de decadência, e sim de um fausto fatigado, talvez por causa do luxo daquela luz magnífica, que entrava livremente pelas enormes janelas sem cortinas e reverberava nas paredes.”(p.15)

Só tenho duas camisas, duas calças, duas meias, duas cuecas e um par de sapatos. Ter consome muita energia. Vigiar o que se tem consome ainda mais, desgasta, corrompe a alma. Bom mesmo é desfrutar. Eu não quero o veleiro, quero a viagem, não quero  o disco, quero a canção. Entendes? […] Sofro dessa ânsia de não ter […] A minha maior ambição é ter cada vez menos. quem nada tem, tem mais tempo para tudo o que realmente importa.” (p.15)

” – A paixão é um instante de desvario.” (p.15)

Talvez amanhã, … hoje saudade fervente. Desordem espalhada: ser organizada, precisa e tranquila.

luxo daquela luz magnífica

mais tempo para o que importa

e, respirar, respirar

sol e sono

saudade do amor que eu amo

pausa.

E.M.B. Mattos – fevereiro 2018

MARAVILHOSA ESTA

Francisco Brennand Recife/ maio de 2017

 

pela imaginação

Imagino/ percebo/ vejo um mundo melhor: pessoas casas. Plural que transborda. Surpresa! …, ninguém quer, realmente, ver/olhar. Atrás da fantasia a ideia fixa, obstinada.  E não dizemos nada. Não se trata de dizer nem de fazer. Não querer a questão, nem a pergunta: imaginação. Tempestade. Escuro! Ou criação …, a vida/ na vida uma escolha. Fotografado o engano, não se volta/ ou se retoma o olhar. Muro sombra, ou fantasia se impõe. Não há possibilidade de reconsiderar o equívoco. Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro 2018 – Torres/ Rio Grande do Sul

Enquanto falava, pensava em que estava indo para uma entrevista de amor e que viva alma sabia disso e, provavelmente, jamais o saberia. […] E por um estranho, talvez casual, acúmulo de circunstâncias, tudo o que era para ele importante, interessante, indispensável, aquilo em que ele era sincero e não enganava a si mesmo, o que constituía o cerne de sua vida, ocorria às ocultas dos demais […] Cada existência individual baseia – se no mistério e talvez seja, em parte, esta a razão por que o homem culto se afana tão nervosamente para ver respeitado o mistério individual.” (p.331) A.P. Tchekhov A dama do cachorrinho e outros contos. Tradução de Boris Schnaiderman, Editora 34,  São Paulo 1999

nós dois a nos olharmos

Toda história a ser escrita/ contada/ explicada mil vezes: um olhar sendo um outro olhar, o mesmo.  Ainda outra colagem/ desenho a interrogar, e se repetir. “ Por que ela o amava assim? Ele sempre parecera às mulheres uma pessoa diferente daquela que era na realidade e elas amavam nele não a sua própria pessoa, mas um homem criado pela imaginação e que elas procuravam sequiosamente na vida; depois, percebido o engano, continuavam, todavia, a amá- lo. Nenhuma delas fora feliz com ele.”  (p.332) A.P. Tchekhov A dama do cachorrinho e outros contos. Tradução de Boris Schnaiderman, Editora 34,  São Paulo 1999

inaudível e das mulheres, velhas e jovens

E este é o relato do colóquio de Zaratustra com o cão de fogo:

“ A Terra – disse ele – tem uma pele e essa pele tem doenças. Uma dessas doenças, por exemplo, chama-se ‘homem’.

E outra dessas doenças chama-se ‘cão de fogo’; a respeito deste, muito os homens mentiram a si mesmos e muitos deixaram que lhes mentissem. Para desvendar esse mistério, eu me fiz ao mar; e vi a verdade nua, realmente! Descalça até ao pescoço.

Já sei, agora, o que há com o cão de fogo; e, igualmente, com todos os demônios da escória e da revolta, dos quais não só as mulheres velhas têm medo. ” […]

‘Liberdade’ é o vosso grito preferido; mas eu desaprendi a ter fé nos ‘grandes acontecimentos’, assim que em torno deles haja muito berreiro e fumaça.

E podes crer-me, amigo barulho infernal! Os maiores acontecimentos – não são as nossas horas mais barulhentas, mas as mais silenciosas.

Não em torno de novos barulhos: em torno dos inventores de novos valores, gira o mundo; gira inaudível. ”(p.143)

” E eu lhe respondi: ‘ Da mulher, só se deve falar aos homens.’ ‘Fala da mulher’ , a mim também, disse ela; ‘sou velha bastante para esquecer logo as tuas palavras.’

E eu fiz a vontade à velhinha e assim lhe falei: Tudo, na mulher, é enigma e tudo, na mulher, tem uma única solução: chama-se gravidez.

O homem, para a mulher, é um meio: o fim é sempre o filho. Mas que é a mulher para o homem?

Duas espécies de coisas, quer o verdadeiro homem: perigo e divertimento quer, por isso, a mulher, como o mais perigoso dos brinquedos.

É preciso que o homem seja educado para a guerra e a mulher, para o descanso do guerreiro; tudo o mais é estultice.

Não gosta o guerreiro de frutos demasiadamente doces. Por isso, por isso gosta da mulher; há ainda um travo amargo na mais doce das mulheres.” (p.80-81)

A felicidade do homem chama – se: eu quero. A felicidade da mulher chama-se: ele quer. ‘ Vê! O mundo acaba de atingir a perfeição!” – assim pensa toda mulher, quando obedece com a força inteira do seu amor.

Friedrich W. Nietzsche

Assim Falou ZARATUSTRA – Um Livro para Todos e para Ninguém

ESPIANDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

cheiro de feijão e saudade

Amanheceu cinza, era tão cedo! Logo o dia se esticou azul. Certeza bem certa de que o calor vem vindo e o sol se firma. Não fui ver o mar …, essa preguiça de olhar segue presa na saudade daquela janela que se abria (…, e ainda se abre na memória) para a Praia Grande, agora tenho a lagoa, outra praia, tenho montanha, e longas caminhadas. Assim mesmo sinto saudade dos verões do gosto de abacaxi, milho verde e feijão …

Sentei para escrever e pensar em ti: não fui ver o mar, nem mergulhar. Depois de descascar as frutas, vontade de voltar para nós. Conversa comprida de estar nos teus braços. Tenho saudade de ser dois. Resolvi pensar nos meus sonhos e …

…, e já estamos outro vez a  olhar, procurar. Escuto tua voz. Falo contigo, volto a escrever. Pensei: já voltamos.  Sim, preciso descansar no teu abraço.  Elizabeth M.B.Mattos – janeiro 2018 – Torres

 

olhar nos olhos

Será que prefiro você como ideia, e não como pessoa viva? Ou,talvez , palavras sejam inócuas para servir de consolo pela distância que nos separa… A relação aperta. Sinto falta quando você não está, mais do que falta, quero ver / olhar nos olhos / tocar… Elizabeth M.B. Mattos fevereiro – 2018 – Torres

eu outubro ainda

amanhece madrugada

A praia também deles, atravessam o amanhecer. Procuro a palavra, outro lado do mar, …  hora desarrumada inquieta.  …, estico a mão. Amanhece madrugando cinzento.

praia da cal cavalgada

Praia da Cal -, fevereiro se segura em noites frias. Nostalgia do nosso dia, aquele. Eu te penso. Cansaço difícil.  … estranho que não estejas aqui, eu preciso de ti. Elizabeth M.B.Mattos fevereiro de 2018 – Torres –

curvas sem luazul de sangue

Praia e sol na medida certa do sol; água no frescor de mar verde esmeralda. Mergulho. Ondas generosas transparente no fundão do prazer ; saudade da Magda! Comer milho abacaxi e carne de siri . Água, água e sono. Depois de um mês, primeiro dia de férias: acomodado filho paulista filha  carioca  filha de Recife,  e o neto japonês, e mar e mar por aqui. Integrada com veranistas. O mar o mar me salvou da nostalgia. Mergulhei no que pode ser o melhor da praia. Claro, para não esquecer, pensei nos parceiros amorosos deste envelhecer setentão. Pensei no tempo de ser menina, e no que significa este  limite que limita, mas se fortifica na audácia. E o mar e o banho delícia  delícia e delícia. Todas as respostas, todas as respostas vieram coladas, molhadas no corpo. A sesta mansa de um dia agitado ruidoso …, ! Elizabeth .M.B. Mattos – fevereiro 2018

da minha janela

Minha nova relação com Cléa também não oferecia problema algum, talvez porque evitávamos de propósito definí – la em termos mais concretos, permitindo que seguisse as curvas de sua prória natureza, cumprindo seu próprio destino. Eu por exemplo, nem sempre ficava no apartamento – pois às vezes, quando estava  trabalhando numa pintura, Clea requisitava alguns dias de solidão e isolamento completo para concentrar – se em um tema. Esses intervalos intermitentes, que às vezes duravam uma semana ou até mais, fortalecia e renovavam nosso afeto em vez de prejudicá – lo. Às vezes, contudo,  encontrávamos – nos por acaso durante esses períodos e, por fraqueza, reiniciávamos o relacionamento suspenso antes que terminasse os três dias ou a semana combinada. Não era fácil.” (p. 129) Lawrence Durrell – Clea Quarteto De Alexandria

Lua de fevereiro

DEPOIS ….

 

Praia da  Guarita dia de sol sem vento.PRAIA LINDA

Foto: Cristina Assis Brasil