foguetes em Recife

Foguetes excitam e assustam. Beleza e perigo. Mencionas as festas juninas? Boa quente terna lembrança de meninos ansiosos/corajosos/ protegidos. Tu a mudares o mundo, eu no meio do caminho. Preciso conhecer este mundão que se revira, assusta e deslumbra. Desejo manso e fantasioso de  inverter e transformar. Colorir a lógica. Recebi as cartinhas da Beth, aquela Elizabeth apaixonada. Preocupação, ou pretensão? A vida me deu boas sacudidelas, ora o precipício, ora a salvação, ora o nada na solução casual. De definitivo: filhos. Tivemos inferências diretas, tu e eu.

Sempre cartas. Cartas pontes. Conversas íntimas. Obrigada por tê – las guardado. O tempo ensina/mostra: a possível intimidade está no corpo no beijo no abraço no olhar,  e no aperto de mão. No sexo ele mesmo. Sem toque se flutua como balão. Ou se extravia no ar. Ou na fantasia pronta a ser engolida no primeiro refluxo, na primeira volta. Ou seja, nada existe. Leio a síntese da vida daqueles anos (tu na Amazônia, eu no internato) da tua ausência. Lembro São Francisco de Paula. O jogo do dicionário. Das brincadeiras na casa de Ipanema.  Quantas voltas dá a vida. Neste Recife não faz calor. Quente úmido, estranho. Estou concentrada no abandono da cidade antes capital. Ciclos. O luminoso se perde no descaso. Estou entre prédios buzinas vozes e o cinzento. Não fui, ainda, ver  Francisco Brennand. Arrasto meu humor e amoleço, mas estou cheia de vontade de percorrer a Oficina, vontade menor de ver o tal castelo do irmão Ricardo. O Capibaribe me parece o maior rio do mundo, do meu mundo. Eu me debruço na janela. Um beijo, e claro, a saudade existe.  Elizabeth M.B. Mattos 16/05/2017

P.S. Tenho que colocar ordem no caos. E não posso sublinhar expressões amorosas. Ou surtos de saudade, ou dependência do papel, ou um do outro. Estamos fora da realidade. A cada um seu pequeno /grande universo. Ser sozinho é ruim / péssimo. Complicado, mas dois, neste momento, seria precipício/abismo. Não sou não és lobo solitário: temos o mundo em ordem. A ideia de apaixonar desarruma. Está tudo virado. Do avesso.

MULHERES NUAS de Brennand

“Você é uma alma delicada, sensível, penetrante. Tudo aparece com clareza nos teus textos. Pode parecer que você quer diluir sentimentos, tentar explicar para você mesma o que aconteceu ou acontece. Mas, não, é um suave langor sedutor. Permissão entre as dobras do destino e do querer. Extremamente excitante.
Na carta, você reclamou de minha agressividade. Para mostrar isso, eu que era aprendiz de dissimulador dos sentimentos, para você, só pode haver uma possibilidade: ciúme.
Não gostei. Queria uma reserva para mim, eu acho. Depois segui meu caminho, como da ordem natural das coisas, naquelas idades.”
E.A.C.

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