Mundo Grande (Carlos Drummond de Andrade)
“Não, meu coração não é maior que o mundo, é muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos. […]
A vida coloco nas caixas. E umas sobre as outras se fazem montanha de segredos. Abertas as tampas saltam fotos, textos, passado, sorriso e lágrima. Dentro delas o cheiro da terra, do mato, do sonho, do papel. Quero que venhas destampar as caixas. Ordenar o tempo: passado presente e …, não quero ver o futuro. Quero esta manhã aberta a entrar pela janela. Quero todas as manhãs. Quero de volta o tempo que me espreita inquieto e aflito para passar. Bizarra pessoa sou eu. Desajustada, espremida, desmaiada de tristeza e alegre como menina. Beth Mattos – maio de 2018 – ainda Torres