” Assim que meu marido retorna para o consultório, eu pego o meu maiô e a minha toalha e vou de carro até um clube esportivo nas redondezas. Costumo nadar durante trinta minutos. Uma atividade extremamente vigorosa. Não é que eu goste de nadar. Eu nado porque não quero engordar. Eu sempre gostei das curvas do meu corpo. Mas, para ser sincera […] em compensação, eu gosto do meu corpo. Gosto de ficar nua em frente ao espelho; de contemplar seu delicado contorno e sentir nele a presença de uma harmoniosa vitalidade. Eu sinto que ele possui algo que é muito importante para mim. Não sei exatamente o que é, mas, seja o que for, eu não quero perdê – lo. Não posso perder isso. […] Uma coisa é certa: se uma mulher de trinta anos ama realmente o seu corpo e deseja mantê – lo em forma, precisa se empenhar muito. Isso eu aprendi com a minha mãe.” (p.24-25) Haruki Murakami SONO – ilustrações de Kat Menschik – Editora Alfaguara – tradução do japonês de Lica Hashimoto
“É o decimo sétimo dia em que não consigo dormir”
Leio com cuidado para não dobrar a capa. Não risco nem sublinho frase ou palavra. Eu, demolidora de livros. Descuidada. Obsessiva. Este, leio com zelo. Inquieta no meu prazer. Murakami escreve na primeira pessoa.
Tão longe o tempo de me dizeres/falares como devo cuidar do meu corpo, do meu cheiro … Fecho o livro sem terminar. Este não termino, não sei te explicar nem o sono, nem a saudade, apenas penso em nós dois. Beth Mattos – Torres 2018 Estás do outro lado, vigilante. Eu não consigo deixar de ser eu, mesmo na história do outro, nem no escuro.