“Acontece uma coisa estranha quando se escreve sobre si mesmo. Isto é, o eu direto da pessoa, não o eu projetado. O resultado é frio, implacável, crítico.” (p.542) Doris Lessing O Carnê Dourado
Comecei a ler os livros de Doris Lessing em Santa Cruz do Sul, 1983. O Carnê Dourado: história de mulheres livres – mulheres sem maridos em consequência de fracassos matrimoniais. Nada importa. E se contar parece uma bobagem. Estranha inclinação. Livros se cruzam. Memórias de Salman Rushdie , sigo devagar, lenta. Registro a conversa DORIS LESSING..
“Doris Lessing estava escrevendo suas memórias e foi discutir o livro com ele. A maneira de Rousseau, ela disse, era a única maneira; você tinha de dizer a verdade, contar o máximo de verdade possível. Mas escrúpulos e hesitações eram inevitáveis.’ Naquela época, Salman, eu era uma mulher bonita e havia nesse fato implicações que você talvez não tenha levado em conta. As pessoas com quem eu tive, ou quase tive, romances … muitos eram famosos e vários ainda estão vivos. Eu penso mesmo em Rousseau’, ela acrescentou, e espero que este livro seja um trabalho emocionalmente honesto, mas será justo ser honesto com as emoções dos outros? […] Ele queria dizer, mas não disse, que estava de novo imaginando uma vida sem ser escritor, pensando na paz e tranquilidade, talvez mesmo na alegria, dessa vida.”(p.367)
… estou covarde, e volto a pensar. Sobre caminhos internos / interiores quase tudo foi dito. Nunca me senti tão … Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2018


Todos nós temos nossas histórias, nunca tão boas e nunca tão mas , são mesclas de tempo e de vida.
Vivemos sempre o momento e as suas circunstâncias , escrever verdadeiramente sobre si mesmo é uma bela autocrítica e espanta nossos demônios.
Leio, releio. Penso e volto a pensar. Sim, tens razão: ” espanta nossos demônios” . Tens razão meu amigo. Porque ” vivemos sempre o momento e as suas circunstâncias”. Como eu te gosto!