“Escrever já é um desvio favorável ao esconderijo” escreve Patrícia Galvão. Também penoso, difícil, perigoso! Palavra deslocada, desfocada.
Pelas janelas abertas vejo a Lagoa do Violão iluminada. Chuva miúda. Antes, e depois da descoberta… Referência esquecida. A história antes, e depois.
O que verdadeiramente importa? Afetos, mesmo escondidos. Chorar importa. A alma se esvazia na lágrima… Escorre dor, e medo. A chuva continua. E já outra vez sem vento. O sol.
Música recupera sentimentos. A alma segue a luz da melodia. No silêncio, escutamos com o olhar. A memória agarrou uma xícara, este livro, aquela cadeira, depois a tela com tintas escorridas de Jean Lehmens. A carta, este caderno. A caixa das fitas, as pérolas descascadas. O bule branco. Objetos. Não sinto o cheiro dos eucaliptos, nem das magnólias. Esqueci o jardim dos jacarandás. Vamos construindo a memória com fitas, vidros, caixas, cartões e fotos. Guardados escondidos no porão, carcomidos. Elas caminham, estas coisas. Não ficam a espera… Elizabeth M.B. Mattos – abril de 2009 – busca frenética por velhos textos – julho de 2019