24 de dezembro de 2019 – estranhamento pendente, não sei explicar. A memória se espreguiça confusa, ora lembro, ora esqueço. E neste jogo vou a me dar conta do tempo como se fosse um hoje disfarçado, e ao mesmo tempo tão real! Palpável. Esquisitice de outro mundo a despedida: um presépio, uma árvore de Natal. Velas acesas. Quero tudo outra vez, quero tudo de volta! Aqui é Natal! A mãe e o pai, a tia Joana lindos nas vestes natalinas, especiais. Olhos verdes arregalados do Roberto. Anita enrolada no bom gosto da elegância festiva. As pratas e os cristais. Pacotes com fitas coloridas, e as flores. O perfume. Na fantasia da memória todos alegres. Na casa da Magda o Papai Noel vai descer com o grande saco de presentes, e vai dizer como nos comportamos durante aquele ano… Nunca o reconhecemos, intuímos, mas não temos certeza, igual sentimos certo temor. Depois, na rua Marquês de Pinedo, a Frigga tocará piano, e cantaremos Noite Feliz! O Moog rodeado dos netos, e a casa iluminada, enfeitada com guirlandas. A mesa com a toalha cor de rosa e seu bordado de ramos. Caixa de música e o riso de crianças. É Natal! Eu estou em casa. E hoje tão longe! Silêncio de passarinho acordando, e quase frio neste amanhecer. Separados! E com certeza juntos! Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2019 – Torres