nominando dezembro

“Estava escuro e a única luz que os iluminava era o minguante da Lua e os pontos pestanejantes das estrelas cosidas ao manto negro do firmamento.”

Esquisito tempo que nos deixou tão longe! Pontas escabeladas e laboriosas e tristes. Talvez o verão tenha chegado. Sim, em nominando dezembro uso talvez. Faz ventanias, faz esquisitices e frio por aqui e um dia quente e abafado depois, e volta o frio destemperado. Clima próprio desta idade espreguiçada, estupefata dos meus setenta anos. Algumas urgências engavetadas se agitam, aflitas.  Pode ser a idade, pode ser o desapego, ou o desanimo. Pode ser tanta coisa! Ou a falta do sentimento de te esperar, não espero. Não sei explicar. Estou atada ao desanimoNão presa, ou amarrada neste ou naquele lugar, mas sem geografia definida. Distraída com o entorno a se movimentar pelas frestas das janelas. Listo, mentalmente, cartas a serem escritas. Festejo projetos. As folhas voam. O céu se movimenta. Amarro o desalento esquisito que me abafa. Lembro que não posso, não devo, não vou. Objetivo claro. Depois obscuro e nebuloso. Depois emaranhado. Rezar rezar rezar rezar seria bom. A calma e a tranquilidade da igreja. Solenidade e recolhimento e silêncio. Estou azeda, azeda, e aborrecida, mas espero o dia azul / o céu de/das estrelas.  Cuidarei das rosas… Sinto saudade. Saudade miúda. Saudade das mãos dadas, do encontro. Que 2020 devolva uma assiduidade de voz e carinho. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2019 – Torres

“A simples presença do outro, porém, pareceu deixá – los a ambos em paz, pois depressa fecharam os olhos e resvalaram com doçura para o sono.”  José Rodrigues dos Santos  A Amante do Governador – Gradiva Publicações, S.A.

Tem coisas / jeitos / situações onde o amor aponta quente e a ternura aquece a casa, o corpo e eu me sinto feliz! Saudade da Beth apaixonada, da mulher sorridente e dos encantamentos doados… E do dizer / escrever sentindo.

 

sonho e mudança

José Rodrigues dos Santos – A Amante do Governador

“Conhece por ventura a palavra japonesa sayonara. Isso é adeus, não é? Em bom rigor, sayo significa assim, e nara significa seSayonara é literalmente se assim. Ou num português mais correto, assim seja. É uma expressão de fatalismo oriental. Ao dizer sayonara, dizemos, assim seja. Dizemos sayonara a cada momento da vida porque a vida é um sonho e tudo está em mudança. Aceitamos a mudança e despedimo – nos de cada momento, dizemos sayonara a cada instante como se estivéssemos permanentemente despedir – nos da vida, assim seja. Todo mundo na grande roda da casualidade.” (p.198) José Rodrigues dos Santos – A Amante do Governador

Livro precioso, li com pressa, emprestado, então cuidado e sem divagações. Não a posse, mas o desejo. O livro passou correndo/veloz e, assim distraído…

 

tra ba lharrr

Trabalhar com / na rotina rotina;. Trabalhar e chegar ao ponto. Ao ponto planejado, fixado, imaginado. Chegar e trabalhar sem pensar; desdobrar o fazer. Lavar, cozinhar, limpar, mas sair de casa para fazer. Ir e voltar, este gosto precisa existir. Talvez ninguém queira oferecer  emprego para  setenta e tantos anos, suporte sessenta, ou setenta e dois anos, depois, apenas oferece uma cadeira, um copo com groselha (risos). Limpar a casa da amiga, do vizinho, varrer a calçada. Ou ler em voz alta. Esvaziar gavetas, fazer pacotes de/para  Natal. Não quero cozinhar, nem lavar panelas, nem pratos. Fechei a porta e a Ônix ficou do lado de fora, paciente, esperando. Céus! Esta quietude me sacode. E sendo teu aniversário fiz um bolo de chocolate, brindei, enchi balões (consegui!), enrolei docinhos. Comprei pastéis, fui buscar os sonhos… E tu não vieste. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2019 – Torres

Foto com voz e desordem. Um desenho de saudade, daquela saudade laboriosa da faculdade: energia de juventude… Tempo das cartas de risos e trabalho  em equipe. Tanto e bom trabalho!