Esquisito pensar ou dizer: o amor desarruma, mas tudo está mesmo esparramado neste esgravatar de amor o amor… O livro se debruça noutro livro, o amigo chama e espicha o olho para outro amigo. E as mãos se cruzam e se inquietam: misturar bem para encontrar. E sigo arredia e perdida. Quando uma voz chega perto de outra voz, estremeço. Faço vez de amar o amor. Estico o lençol para deitar. Perfumo o quarto. Claro! Influência rasgada. Voltei pra ti, vou ter/estar o tempo do abraço, vou rezar o tempo. E, que posso fazer? Vou te esquecer!
“Por que? Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na ideia, querendo e ajudando; mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.” (p.187) Guimarães Rosa Grande Sertão: Veredas
A pensar: eu me atiro sem tino, e digo o que penso; quero. A tocar, a sentir, e a me entregar. Deste torcido de vermelho no amarelo e no azul esparramado, às voltas, eu tonteio. Sinto no olhar o espanto, recuo, vou ao espelho. Céus! Envelheço. Estremeço. E me desculpo aflita, culpada. Não me olha assim espantado. Vou passar um café. Ofereço bolo de chocolate e nozes e abaixo os olhos envergonhada. Espio outra vez. Abres bem os olhos. Oxalá me entendas, e me perdoes, e ou brotes a me gostar… Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2020 – Torres