Epigrama 8
“Encostei a ti, sabendo bem que eras somente onda. / Sabendo bem que eras nuvem depus a minha vida em ti. / Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil, fiquei sem poder chorar quando caí.”
Esquisito ler o poema e a cada palavra ler a vida e a fragilidade toda de nossas escolhas. Quero negar as sombras, quero esquecer sem nominar, apagar sem mencionar, e depois engolir as lágrimas tristes decepcionadas e aflitas que não vou chorar. Qualquer tarefa pequena, qualquer cheiro atrapalhado do guisado, da farofa, dos ovos mexidos, daquela salada verde colorida pelos tomates, pelo pepino, pelo palmito se transforma em banquete. E o palácio tem o perfume das roupas no varal, dos vasos úmidos e daquela tristeza toda brilhando no domingo que se rasga. Os lápis ainda estão espalhados por grupos indefinidos. E o Pedro recebeu seus presentes, e a Bárbara filmou, e as risadas chegaram…e nossos parabéns se universalizam coloridos. Esquecemos a pandemia porque reinventamos tudo. Nós os mágicos do tempo. Amanhã vou fazer ensolorar o dia… Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2020 – Torres