O amor tem sombras e contornos perfeitos, basta sossegar o olhar.
Parece / aparece o doce encanto da certeza. Do absoluto.
Observo ela se movimentar leve e solta, confiante.
Elizabeth M.B. Mattos / novembro de 2020 / Torres

“Não tenho círculo nenhum de amizades, sou uma pessoa solitária.” […] É uma vida chata, Van. Gosto…ah, de um monte de coisas, continuou num tom de voz pensativo e melancólico, […] Gosto de pinturas flamengas e holandesas, de flores, de comida, de Flaubert e Shakespeare, de fazer compraras, esquiar, nadar, dos beijos das Belas e das Feras, mas tudo isso, sei lá como, este molho e todas as riquezas da Holanda só formam uma espécie de camada fininha sob a qual não há absolutamente nada, exceto, é óbvio, tua imagem, e isso só faz é aumentar a profundidade do abismo e os sofrimentos […] (p.349-350) Vladimir Nabokov – Ada ou ardor
Depois do sentimento, do livro a se fechar (a leitura se esgota, os livros se fecham, o tempo deixa de pipocar). Depois do tédio deste cinzento cinza do dia, o susto e o farto/cansado de um fazer monótono: lavar, guardar, dobrar, passar, limpar e arrumar. Obcessivamente belo, obcessivamente sentido. Fecho as janelas. E fecho / tranco a vontade de dizer/falar. O corpo dói, reclama o movimento, ah esta minha audácia! E se fosse tudo diferente? Se eu pudesse ter quem me fizesse o jantar, cuidasse. Dividir o tempo em languidez e doçura? Será igual? Não vai mudar?
Quero te dizer, teus olhos cheios de luz mudariam o tempo: eu seria alegre e faceira e…, todos os projetos se realizariam, felizes para sempre. Morrer foi tão absurdamente definitivo! Elizabeth M.B.Mattos / novembro de 2020 / Torres
Mas eu não desisto de ser feliz. Não desisto de sonhar. Não desisto do colorido, nem de te amar…