“Baforadas de vento quente lhe sopravam no rosto a evaporação dos jardins ao longo dos quais caminhavam, um cheiro de terra molhada, um abafado perfume de flores ao sol, de cravos-da índia, de heliotrópicos. Jacques se conservou calado. [...] Não posso dizer que seja bonita. Ela é terrível. Não encontro outra palavra. – E, depois de uma pausa, exclamou: Como são curiosas as criaturas! […] Até mesmo aquelas que não interessam a ninguém. Você já notou que quando falamos de pessoas conhecidas a outros que também as conhecem, quanta coisa significativa, reveladora lhes escapou à observação? É por isso que as pessoas se compreendem tão mal entre si.” (p.294) Roger Martin du Gard Os Thibault
10 de junho de 1997
Resolvi corrigir alguma coisa como 34 anos e não 43 anos…Estranhas inversões. Passado este tempo todo a carta ficou mais, muito mais velha, 47 anos e não 74 anos. Já falamos das coisas todas: vontade de ver, medo de ver, prazer, tempo, do que não foi e do que talvez possa ser. Já disse que li e reli tua carta mil vezes. Já fiquei eufórica e quieta / pensativa. Faz exatamente uma semana que nos reencontramos com dia e hora marcados. Tantas emoções atravessaram / cruzaram que poderia ser um mês. Quando mergulhamos nas expectativas o tempo fica diferente / fica amanhã. Talvez possamos nos ver por outros minutos, não sei, outra meia hora, ou uma hora. Espero o teu telefonema para confirmar. Ontem ao falar contigo fiquei adolescendo. Assustada eu me perguntei: como? por quê? Estou com medo de superar as barreiras: vou ser objetiva / clara / pontual: tenho medo, medo enorme de me apaixonar / amar na hora errada o homem errado. Não sei como pude aceitar tão naturalmente a tua volta e abrir os braços numa certeza de que estamos juntos e abraçados: nosso estado natural de gozo e prazer. Estou atrapalhada. Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2021 – Torres
Se foi tão bom te beijar continuar a beijar pode ser melhor e ou pior; preciso parar de te pensar.

Lindo texto, eu mesmo no meu auge dos 20 ainda tenho esse tal medo de se apaixonar, porque experimentem cedo demais as dores dos amores.
Teu carinho chegou Bruna, obrigada, apaixonar parece vertigem…, mas tem gosto de poder também, não achas?, tenho um amigo que me diz/repete: não perder as referências, antes amar e se apaixonar pelo teu eu, se não te amares… Tenho reproduzido a lucidez dele, vou apreendendo…E tu vais vivendo, cuidando de ti