“Envelhecer já é por si só um destino!”

O que é mesmo que tenho vontade de mandar para o diabo? A EXPERIÊNCIA. A experiência pessoal amarrada. Impregnada de regras e restrições que vez que outra quer chegar ao sol. Ou se encharcar na chuva de verão. Tudo é muito igual, e o diferente parece mesmo este destino: envelhecer. Envelhecer acovarda, um pouco, só um pouco… O que me impede de seguir e lutar e querer e me expor é uma danada preguiça de ensinar, ou modelar. Até de pensar. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021- Torres

[…] – “Não – respondeu Ulrich -, não o quero recuperar! Pois é espantoso, mas verdadeiro, que, com isso, objetivamente nada teria mudado no curso das coisas, na evolução da própria paciência. Posso ter estado uns dez anos à frente do meu tempo; mas um pouco mais lentamente, e por outros caminhos, também outras pessoas chegaram, sem mim, a um ponto ao qual eu, quando muito, as teria conduzido um pouco mais depressa, e é duvidoso que uma tal mudança na minha vida venha agora me bastar para me fazer tomar novamente a dianteira. Ais aí um pedaço do que se chama destino pessoal e que, em suma, é algo visivelmente impessoal. Aliás, prosseguiu ele, -, quanto mais velho fico, tanto mais frequentemente me acontece ter odiado uma coisa que mais tarde, por desvios, correrá na mesma direção do meu próprio caminho, de modo que de repente não posso mais negar – lhe o direito de existir; ou acontece que parecem defeitos em ideias ou acontecimentos pelos quais me exaltei. Ao longo do tempo parece ser indiferente se nos excitamos, e em que sentido aplicamos essa excitação. Tudo chega ao mesmo objetivo e serve a uma evolução insondável e infalível.” (p.513-514) Robert Musil O Homem sem Qualidades – Tradução Lya Luft e Carlos Abbenseth – editora Nova Fronteira – 1989

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